Coluna do Domingão
Censurar é burrice
As menções ao patrimônio imobiliário da família Bolsonaro dispararam no WhatsApp após um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal censurar duas reportagens do UOL que revelaram que 51 imóveis do clã foram comprados com dinheiro vivo nos últimos 30 anos.
As citações aos imóveis e ao caso foram 2,6 vezes mais volumosas do que quando a primeira das reportagens agora censuradas foi ao ar, em 30 de agosto – ou em qualquer outra data desde então.
Os dados foram compilados pela plataforma Palver, que monitora 14 mil grupos públicos de WhatsApp para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A censura das reportagens transformou os imóveis comprados com dinheiro vivo pelo clã no assunto mais negativo para Bolsonaro nos últimos meses, segundo a Palver.
Nem os ataques de Jair Bolsonaro a jornalistas como Vera Magalhães e Amanda Klein, nem quando o presidente agarrou um “influencer” e tentou tomar seu celular após ser chamado de “Tchutchuca do Centrão”, nem as críticas ao sistema eletrônico de votação: nada despertou tantos comentários como os imóveis comprados em dinheiro vivo. Mas o recorde só foi batido após a censura ressuscitar o tema.
Conforme a coluna de Mônica Bergamo, assessores de Bolsonaro alegam que Flávio Bolsonaro merece trofeu de burrice pela iniciativa, a poucos dias do pleito. E é verdade. A uma semana da eleição, a censura de Flávio só deu luz a um tema que estava adormecendo no subconsciente da população, mesmo que tenha que ser debatido e apurado até uma apuração decente.
Não falta quem diga que o Ministro do Supremo André Mendonça, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e, portanto, ligado à família, não teve nenhum arroubo democrático e sim atendeu a liminar para suspender a censura e, portanto, acabar com o assunto na reta final da eleição.
O blog já foi alvo de censura algumas vezes, na maioria dos casos nos processos em que divulga pesquisas em parceria com o Múltipla.
Em 2020, a candidatura de Socorro Brito tentou censurar a última pesquisa do Instituto. Foi pior. A expectativa de que a liminar fosse derrubada no TRE só aumentou as especulações de que a vantagem de Márcia Conrado seria ainda maior.
Censurar, proibir, coibir a atividade jornalística sempre é a pior opção. No caso da campanha de Bolsonaro, foi tiro do pé sem tamanho, que pode custar os votos que evitariam uma fatura liquidada em primeiro turno.
Voz corrente
De assessores a vereadores, de gente próxima a amigos, é voz corrente que, salvo exceções, a equipe de Sandrinho Palmeira precisa de um choque de gestão, com muita gente se sentindo dona das funções que tem desde o governo Patriota.
Até ele
Até Arthur Amorim, que era quase uma unanimidade na gestão Patriota, foi duramente criticado essa semana na Rádio Pajeú por não cumprir promessa de melhorar o processo de marcação de consultas nas UBS. Há críticas e fogo amigo de que a equipe corre solta. E Sandrinho sabe que a fatura chegará na mesa dele. Precisa agir.
Estrategy
Em Serra Talhada, aliados da prefeita Márcia Conrado afirmam ao blog que a trégua com Luciano Duque e seu desejo de fazê-lo estadual não é fake, é estratégica. Com Luciano na ALEPE, a prefeita tem caminho livre para conduzir uma gestão ainda mais independente, sem a sombra do padrinho.
Dilema do peixe
O prefeito Anchieta Patriota está convencido de que acertou ao substituir a ausência de Chico César, que não vai à Carnaíba por mudança na agenda, por Jorge du Peixe, que substituiu Chico Science na Nação Zumbi e ainda integra outros projetos musicais e no cinema. Diz que falta conhecimento à obra do artista.
Quem chega?
A maioria dos analistas, baseados nas curvas de evolução dos candidatos nas pesquisas, assim como esse jornalista, mantém a aposta. A maior possibilidade de crescimento para disputa do segundo turno com Marília Arraes está entre Anderson Ferreira, pelo fator Bolsonaro, e Danilo Cabral, pelo apoio dos prefeitos socialistas e voto de estrutura.
Porque?
Raquel Lyra está tendo uma brava condução, mas terá que manter votos numa fase de ataque dos adversários. E Miguel teve a candidatura afetada pelo episódio do pai que pediu perdão a fazendeiro escravocata pra depois vê-lo doando R$ 600 mil aos três filhos candidatos, segundo o UOL.
Eca
Que figura tosca a do padre Kelmon, substituto de Roberto Jefferson como candidato auxiliar de Jair Bolsonaro. Na cara lisa disse que “agora são cinco contra dois”, admitindo o papel ridículo de moleta de Bolsonaro. E ainda fala em Deus, Pátria e Família. “Jamais me confessaria com o senhor”, disse Simone Tebet.
Errou na estratégia?
Será que a oposição mais ao centro direita acertou na ideia de três candidatos? De acordo com o agregador de pesquisas do JC, juntos, Marília e Danilo, alinhados a Lula, tem 43,15%. Já Raquel, Miguel e Anderson, 34,52%.
Se ele não, ela pode ir
Caso Flávio Marques não se livre da condenação do TRE no Supremo, com Carlos Veras virtualmente reeleito, um nome que começa a ser especulado no boca a boca para enfrentar Dinca e Nicinha é o da vereadora Socorro Veras, irmã de Carlos. Se Dinca deixar a esposa ser de novo, seriam duas mulheres na disputa.
Pé direito
A estreia do Nill Júnior Podcast tem rendido elogios nas redes. “Meus amigos elogiaram bastante”, disse Jucelio Pereira, de Serra Talhada. “Parabéns pelo comentário!” – disse a colega Fátima Miranda, também da Capital do Xaxado. Parabéns Nill Júnior. Você está um profissional cada dia melhor”, diz o colega Mikael Siqueira, de Arcoverde. Vá lá e acompanhe:
Frase da semana:
“Não cutuque onça com a sua vara curta”.
Da candidata Soraya Thronicke, presidente candidato Jair Bolsonaro.