Pasadena pode ter rendido a Cerveró e Fernando Baiano até US$ 30 milhões
Do O Globo
A refinaria de Pasadena pode ter rendido a Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, e ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, entre US$ 20 e US 30 milhões em propina, recebidos provavelmente da Astra, quando a Petrobras teve de comprar a parte de sua sócia no negócio. A informação faz parte do depoimento de Costa e foi transcrita ontem pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, ao decretar nova prisão preventiva de Nestor Cerveró, preso desde o último dia 14 na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e deve depor sobre Pasadena na segunda-feira. O primeiro decreto de prisão preventiva de Cerveró foi anulado.
Costa afirmou que o lobista Fernando Baiano lhe pagou propina de US$ 1,5 milhão para que não causasse “problemas” na reunião de aprovação da compra de Pasadena. Os dois foram juntos ao Vilartes Bank, na Suíça, onde os valores teriam sido inicialmente depositados. Disse ainda que foi apresentado a Baiano por Cerveró e que já sabia que o lobista tinha “atuação forte” na diretoria Internacional, representando interesses do PMDB. Um dos primeiros negócios tratados com o lobista foi justamente Pasadena e, segundo ele, a proposta de associação com a Astra foi encaminhada a Cerveró por Alberto Feilhaber, um ex-funcionário da Petrobras que representava a trading de origem belga.
Costa disse que havia vários motivos para não aprovar o negócio: a Astra era uma pequena trading sem experiência em refino, seriam necessários mais de US$ 1 bilhão em investimentos para que a velha refinaria fosse útil à Petrobras. Segundo ele, toda a diretoria da Petrobras sabia disso, mas a aprovação foi unânime. Ele não soube dizer se outros diretores (eram seis no total) e o então presidente José Sérgio Gabrielli receberam propina.
Com a divergência entre a Astra e por força de uma claúsula contratual que impunha que a Petrobras pagasse para que sua sócia deixasse o negócio, a estatal teve de pagar para a trading cerca de R$ 1,2 bilhão. Costa disse que não sabe se os valores que a Petrobrás teve que pagar à Astra pela retirada desta do negócio foram objeto de conluio entre os donos da Astra e algumas pessoas da Petrobrás, mas ressaltou que “havia boatos na empresa de que o grupo de Nestor Cerveró, incluindo o PMDB e Fernando Baiano, teria dividido algo entre vinte e trinta milhões de dólares, recebidos provavelmente da Astra; (…)”
Com a descoberta do pré-sal, a prioridade de investimentos passou a ser exploração e produção e o Conselho de Administração decidiu reduzir os investimentos na área externa e não investir mais em Pasadena. Ele ressaltou ainda que, diferentemente do padrão, Pasadena não foi executado pela Gerência Executiva de Novos Negócios, o que seria o procedimento normal. A gerência de novos negócios é vinculada diretamente ao presidente da Petrobrás.