Os cem dias de Lula e Raquel
Da Coluna do Domingão
Esta segunda marca os cem primeiros dias dos governos Lula e Raquel Lyra.
Os dois tem como principal similaridade o fato de terem interrompido ciclos. Lula pôs um freio em quatro anos de bolsonarismo. Raquel derrotou um ciclo de 16 anos do PSB no poder.
Os discursos também são parecidos e falam em “arrumar a casa”. O governo Lula 3.0 começou retomando marcas de seus primeiros dois mandatos. Ampliou valores e retomou o Bolsa Família, relançou o Mais Médicos, o Minha Casa Minha Vida, e tenta retomar o PAC, com outro nome. O anterior ficou marcado por obras inacabadas, principalmente no ciclo Dilma Rousseff.
A maior dificuldade enfrentada por Lula reside na economia. A taxa de juros segue altíssima, sem sinais de que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central e sua trupe a reduzam. Assim, o país não retoma crescimento ou gera mais empregos. A economia segue estagnada. As mudanças da reforma tributária, liderada por Alckmin e Haddad, que prometem fazer quem tem mais pagar mais, esbarram em Arthur Lira e cia. O presidente da Câmara e o Centrão vão barganhar para, quem sabe, aprovar. A oposição diz que não há nada novo no seu terceiro ciclo.
Lula também falou demais e entrou um polêmicas desnecessárias, como quando disse que pensou em “foder Sérgio Moro” e na fala em que duvidou do plano do PCC para matar o Senador. Ganhou desgaste na pior hora.
Raquel Lyra aparentemente ainda trabalha com diagnósticos da gestão Paulo Câmara. Sempre que cobrada por demandas mais urgentes como estradas, manutenção das escolas, complemento das indicações da máquina, diz que vai colocar Pernambuco nos trilhos e retoma o discurso de que pegou um estado sem dinheiro em caixa para projetos estruturadores.
Ainda não lançou um programa de investimentos, um grande projeto estruturador, não mostrou sua marca. Nos últimos meses, dentre os anúncios mais importantes, a entrega de 272 moradias no Conjunto Habitacional Canal do Jordão, o acordo de gestão para Fernando de Noronha, abrir 24 horas Delegacias da Mulher, entregou reforma de UTI e enfermaria no Barão de Lucena, R$ 23 milhões para o Corpo de Bombeiros, homologou aprovação de 500 analistas e 96 assistentes administrativos da Educação, requalificação da PE 145, entre Caruaru e Fazenda Nova.
Raquel sabe que falta mais e tem dito que vai consertar o estado. Recentemente comentou em sua rede social: “Pernambuco está na 23ª posição no ranking nacional de competitividade, mostram dados do CLP. Os indicadores são péssimos para quem já foi líder do Nordeste. Recuperar o protagonismo é fundamental para o estado voltar a crescer e gerar empregos. Temos muito trabalho pela frente.”
Sobre saúde: “A precariedade da Saúde Pública em Pernambuco não vem de 70 dias, mas de anos de descaso”.
Há um indicador popular que tem um limite muito mais imediatista que o da política: chama-se paciômetro. Ele até tem aguentado essa marca inicial de cem dias e compreendido o discurso de “arrumar a casa”. O mesmo não se pode dizer em junho, quando ambos terão chegado aos seis meses de governo. Até lá, o povo espera mais.
Nos dois casos, ainda há os fantasmas que os rondam. Atendem pelos nomes de Jair Bolsonaro e João Campos. É a atitude de Da Silva e Lyra que vai definir o quão assustadores de fato serão em 2026.