Estradas perseguem Raquel
Da Coluna do Domingão
Na manhã da quinta-feira, dia da Reunião Setorial da ASSERPE, fui convidado para falar à Rádio Grande Rio, no programa Nossa Voz, com a querida Nea Gonçalves.
Com o retorno ao telefone antes de entrar no ar, ouvi a fala de Sérgio Honório Bezerra, autônomo, reclamando da PE 639, rodovia que dá acesso aos projetos irrigados de Petrolina. A estrada do N5 ao N3, como são denominadas as áreas desses projetos, começou a ser restaurada no governo Paulo Câmara e parou, deixando o pedaço que falta totalmente esburacado.
Sérgio, tamanha a revolta com acidentes, prejuízos e risco, chegou a dizer que a governadora teria que se chamar “Raquel Câmara”, por conta da imagem final do ex-governador, que ajudou a derrubar Danilo Cabral como governista. “A gente votou nela pra fazer diferente”, esbravejou.
Lembrou o debate em outras regiões. No Pajeú, as obras da Estrada de Ibitiranga foram interrompidas. A PE 380 seria importante corredor entre Pernambuco e Paraíba, beneficiando vários municípios. Mas agora, parte do dinheiro gasto na obra foi perdido. Com as chuvas, muita coisa tem que começar do zero. E não há sinais de retomada.
Ainda na região, a PE 320, sua espinha dorsal viária, tem trechos muito ruins. Entre Afogados e Tabira, são muitos os buracos.
E não é só isso: as condições das rodovias da Zona da Mata Sul receberam críticas do deputado França Hacker (PSB). Ele citou vias com obras inacabadas, a exemplo da PE-09, que liga as praias de Barra de Sirinhaém e Aver-O-Mar.
“Em Alagoas, a rodovia que dá sequência à PE-60 (AL-101) está sendo duplicada. Outras encontram-se em péssimo estado, como a PE-73, que liga o município de Rio Formoso, passa pelo distrito de Cocaú até a cidade de Gameleira; assim como, a PE-96, que dá acesso aos municípios de Barreiros e Palmares e, as PE-123 e PE-132, que ligam Belém de Maria, Lagoa dos Gatos e Cupira. Como podemos atrair turistas para Pernambuco se temos estradas de péssima qualidade?”, questionou.
O maior desafio de Raquel é achar dinheiro para conclusão de tantas rodovias, no pacote da guerra dos números da herança com Paulo Câmara. A Secretaria de Mobilidade e infraestrutura de Pernambuco tem informado que uma equipe técnica tem feito levantamento minucioso sobre os projetos existentes e verificando problemas de execução de obras, muitas delas inclusive anunciadas pela gestão anterior, sem previsão orçamentária para conclusão.
“O estado tem mais de 7 mil quilômetros de rodovias que precisam de investimentos e não existem recursos suficientes para a concretização de das intervenções viárias. A pasta pretende aplicar os recursos de forma eficiente para que possa atender o maior número de municípios”, diz.
Rubens Júnior, da Casa Civil, já disse à Coluna que a retomada vai privilegiar rodovias mais próximas da conclusão em detrimento das que tem mais a ser feito. Exemplo: se uma rodovia tem 80% concluída, vai ter prioridade diante de uma com 50%. Ainda não há data para essa retomada e não há notícias sobre o que fazer com rodovias que precisam de reparos e não tiveram seu início na gestão anterior.
Assim, Raquel tem seu início de governo marcado por cobranças de todas as regiões para rodovias inacabadas. Fala-se em um empréstimo no Banco Mundial ou outra fonte de financiamento para tentar zerar o déficit. Até lá, as cobranças aumentam. Quem tem que conviver com buracos não tem a paciência de quem diz que é necessário aguardar ela arrumar a casa. Como numa corrida de bastão, Lyra recebeu a herança ingrata de Paulo Câmara e ainda não disse o que fazer com ela porque ainda não tem o que fazer com ela. Os fantasmas da gestão anterior continuam perambulando pelos corredores do Palácio…