Coluna do Domingão
Dinca x Odorico Paraguaçu
Essa semana foi marcada pelo debate sobre a liberdade de imprensa, os direitos de quem ataca ou é atacado na comunicação na nossa região a partir do que acontece em Tabira.
Na Cidade das Tradições, o ex-prefeito Dinca Brandino, marido da atual gestora Nicinha Melo, atacou o profissional Fabrício Ferreira, da Cidade FM, sugerindo que ele merecia levar uma pisa ou que iria encontrá-lo e bater um papo com ele. “Você é palhaço, vagabundo e forasteiro. E já disse a você: você já passou de receber aquilo que eu já lhe disse que o povo devia ter feito com você . Qualquer hora a gente se encontra pra ter um bate papo com ele”.
Tudo começou com uma crítica de Fabrício à cedência da folha do funcionalismo pela prefeitura à Caixa Econômica Federal. Disse que era um presente de grego que a gestão estava dando à população. Aliados e agregados da gestão ligaram pra rádio e ele disse que não daria ouvidos a baba ovos, como são chamados aqueles que ganham mais para chalerar do que para prestar serviços para o município. Essas tropas de choque e claques existem em todo lugar.
A crítica era à gestão, que tinha os mecanismos para buscar o contraditório, inclusive à forte crítica do profissional. Mas, em todas as vezes que houve questionamentos da sociedade ou de comunicadores na emissora, Nicinha Melo foi convidada a se manifestar ou escalar um nome que possa se colocar pelo governo, à exceção das avaliações que envolveram prefeitos da região, onde ela devia estar, e não o marido que se escalou.
Nicinha poderia ter estabelecido uma relação que forçasse a emissora a uma escuta permanente. Preferiu o enfrentamento, ignorar, afrontar o trabalho da imprensa. E estabeleceu como opção responder através das lives de Dinca, que só tumultua o processo.
Numa estratégia bolsonarista, tenta tirar a atenção dos erros da gestão para chamar a si os holofotes. É pior, já que pelo método que usa pra se comunicar, com linguagem chula e grosseira, acaba gerando uma repercussão terrível da política de Tabira em todo o estado, agrega mais rejeição à gestão e ainda é enquadrado pela lei, já que cometeu crimes na ameaça e na invasão à Cidade FM.
O pior é que nas suas aparições, Dinca sempre desmantela a luta de Nicinha para se mostrar uma gestora independente do marido, que pode construir uma boa interlocução com a sociedade tabirense. Há poucos dias, por exemplo, ela teve um belo gesto ao promover ações de prevenção ao câncer de mama, sendo ela a estimular a campanha usando o mamógrafo do hospital municipal. Mas a falta de melhor comunicação, como no caso da venda da folha, em que servidores e comércio se sentem traídos por saber depois, somada à pior comunicação possível, nas lives de Dinca, estragam tudo.
O ex-prefeito ainda usa a artimanha de ignorar os fatos e tentar enganar. Disse por exemplo que os policiais chamados para convidá-lo a sair da Rádio Cidade FM na verdade estavam para escoltar o Delegado João Gadelha em uma entrevista. O próprio delegado disse que teve dificuldade de entrar no estúdio dada a confusão gerada pela tentativa de invasão de Dinca. Pensou até em voltar pra delegacia. Os PMs não tinham nenhuma relação com a ida dele à emissora. Mas Dinca mente descaradamente até envolvendo agentes públicos que nada tem a ver com suas baixarias.
Pior, triste saber que há outros Dincas por aí, intimidando e recorrendo a esse tipo de expediente para atacar o contraditório. Como não aceitam o questionamento, encontram na violência e intimidação o caminho para que sua mentira seja a única verdade. Por sorte, no mundo de hoje, cada vez mais, não passarão. Prova disso é o mar de solidariedade despejado sobre o radialista e a emissora, a cobrança de entidades ligadas à radiodifusão e aos radialistas por providências contra o ex-prefeito, mais o grande número de tabirenses independentes que pede desculpas, dizendo “não nos representa”.
Por fim, Brandino se irritou quando uma ouvinte comparou Tabira a Sucupira, com ele ocupando o espaço que seria de Odorico Paraguaçu, o prefeito destrambelhado da cidade fictícia. Nisso ele tem razão. Odorico era muito melhor…
Pesquisa e grupo
Perguntado sobre quando vai definir seu candidato, Evandro Valadares disse que na hora certa, quem vai resolver é o grupo, amparado em pesquisas de opinião. “Ningum pode ficar dizendo que não tá conversando sobre isso. Mas lá na frente é que vamos decidir”.
O discurso de Carlão
Nem Márcia nem Duque. O discurso mais comentado no ato de assinatura da ordem de serviço de uma praça para o Bairro Caxixola foi o de Carlos Evandro. Para alguns, o pivô do quase afastamento de Duque e Márcia, quando convidado pela prefeita para o grupo, Carlos deu uma espécie de chega pra lá na futricagem, como ele mesmo falou, alimentada nos últimos dias.
Abre aspas…
“Nós não tamo aqui pra dizer quem fez mais, quem fez menos. As futricas de política, quem prega a divisão, quem prega deserção, quem prega separação, não é Carlos Evandro. Carlos Evandro vem pra somar, pro bem de Serra Talhada, jamais dividir. Posição de tomar se tá com A, com B ou com C, somos livres e independentes. Jamais fiz deserção, Jamais persegui quem quer que seja”. E conclamou a unidade pelo bem de Serra, em meio a elogios para Duque e Márcia.
É bom, mas é o cão
Nem o radialista Francys Maya aguentou as críticas do vereador governista Rosimério de Cuca ao oposicionista Vandinho da Saúde. “Eu quero é que Deus abençoe ele. É muito trabalhador, agora, é cabra inrunhento. Esse aí veio mandado pelo Satanás!” Maya riu e depois, se benzeu.
Sonho e pedido
O advogado e ex-desembargador eleitoral Roberto Morais também cobrou ao Secretário de Infraestrutura Evandro Avelar a operação tapa buracos na PE 283, entre Afogados e Ingazeira. O sonho maior, disse ao secretário, é ver a Estrada do 49 asfaltada. Ele esteve há alguns dias no encontro com o secretário que teve ainda o presidente Câmara, Argemiro Morais e o Primeiro Secretário, Djalminha.
Quem tem mais garrafa vazia pra vender?
Pelo que se apura dentre lideranças da Frente Popular em Afogados da Ingazeira, a maioria dos nomes tem tendência de defesa da manutenção da chapa Sandrinho-Daniel Valadares. Rubinho do São João tem apoio de uma parte importante dos vereadores, e vai usá-los como poder de barganha pra virar o jogo.
Magistrado gente
No caso da luta pela decisão que garanta a medicação da jovem Ávila Gabrielly para tratamento de um câncer, chamou a atenção a resposta rápida do TJPE e a preocupação do próprio juiz, Luiz Gomes da Rocha Neto, em ligar para este jornalista, explicar muito educadamente o que ocorreu e determinar o fornecimento. Muito diferente de magistrados Brasil afora que se sentem deuses, acima do bem e do mal.
Favorito, sem favoritismo
Na bolsa de apostas para a vaga a ser preenchida no TCE por votação na ALEPE, aparentemente Rodrigo Novaes tem ligeiro favoritismo, com Joaquim Lyra colado e Guilherme Uchôa Júnior correndo por fora. Mas o arranca rabo atrás de votos pode inverter a ordem pra um ou pra outro. O jogo é pesado.
Identificado
O blog apurou que o DER identificou quem é o dono do terreno que meteu estacas na margem da PE 292, pertinho do entroncamento com a PE 275, sem respeitar a faixa de domínio estadual. A ideia é inicialmente alertar para a infração e, caso não haja sensibilidade, acionar o jurídico do órgão.
Vira virou?
Aliados do prefeito Wellington Maciel dizem que ele começou a virar o jogo da popularidade depois de um início de gestão conturbada. A virada de chave teve a participação do novo nome da comunicação, Rodolfo Albuquerque, que tem contribuído com a guinada de percepção da gestão pela opinião pública.
O que Xiêta falou
O prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota, minimizou à Coluna o movimento de sexta, puxado pela ASSEMUCA, pelo cumprimento do piso. “A maioria dos professores, 50,5% foi contrária à paralisação e quis o acordo proposto. E não houve impacto nas aulas. A frequência foi extraordinária e as aulas ocorreram normalmente. E estamos abertos ao diálogo. Só espero que não seja um movimento político”.
Frase da semana:
“Nicinha é uma mulher do sexo feminino.”
Do ex-prefeito Dinca Brandino, quando foi explicar que o termo baba ovo, cunhado por Fabrício Ferreira, não se aplica a ela.