Só tem graça se for Duque x Márcia
A Coluna do Domingão de ontem (24), se debruçou sobre a confirmação do racha entre o ex-prefeito e atual deputado estadual Luciano Duque e a presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e atual prefeita de Serra Talhada Márcia Conrado.
De Serra Talhada saiu o assunto mais comentado da semana na imprensa estadual, ao lado da confirmada aliança dos Coelhos com o prefeito João Campos.
Na Capital do Xaxado, o anúncio de Luciano Duque de que está oficialmente rompido com aquela que apoiou em 2020, e de quem recebeu apoio em 2022, a prefeita Márcia Conrado, confirmou a narrativa de um racha anunciado.
Claro, como tudo em se tratando de política, ainda havia um corredor muito estreito de possibilidade de diálogo. Mas a estratégia da prefeita e seu staff de ir isolando Duque a conta-gotas, somadas às críticas sistemáticas de Luciano à gestão, muitas vazadas por ele próprio em grupos de WhattsApp, com a cereja do bolo, a conversa exposta com a médica Klenia Mourato em que ele detona a prefeita e a gestão, tornaram o seu anúncio e carta aberta inevitáveis.
Todo esse ambiente foi ficando cada vez mais tóxico depois da eleição de 2022, em que Márcia diz ter “pago a dívida” a Duque o apoiando para Estadual, a ponto de se achar responsável por sua condição de majoritário. Luciano decidiu pelo apoio a Marília Arraes e tentou incluir Márcia na composição de apoio. Mas a gestora já estava decidida por Danilo, depois do ato simbólico de anúncio ao lado de Paulo Câmara.
Nascia ali também a estratégia de iniciar uma espécie de voo solo da prefeita, com cada vez menos sombra e interferência de Luciano.
Primeiro, se colocou em um palanque adversário com Danilo no primeiro turno e Raquel no segundo. Depois, nomes identificados com Luciano como Cristiano Menezes, Marta Cristina e Anildomá Willians foram sendo sacados do governo.
Duque por sua vez atuava aos microfones desconversando, chegou a dizer que “governo e caneta estavam com ela”, mas internamente criticava, reclamava, esbravejava. E vazava seus questionamentos, dada sua inabilidade com ferramentas digitais, constatação comum até entre aliados.
O passo seguinte foi a movimentação da prefeita para atrair ex-adversários. Carlos Evandro, Socorro Brito, João Antônio, Marquinhos Dantas, Leirson Magalhães, Pinheiro do São Miguel, Jaime Inácio, DJ Rincon, dentre outros nomes, migraram para o grupo da prefeita. Luciano reclamou, dizendo que ela estava firmando apoio parcial, tipo “estou com você mas não estou com Duque”. Ela retrucou dizendo que o próprio Luciano delegou a liderança da condução como prefeita.
O ambiente foi ficando deteriorado. Nomes do staff da prefeita seguiam plantando ataques em blogs poste e pague sem nenhuma reprimenda. Duque seguia reclamando, cobrando diálogo, mas negando-se a aceitar intermediários, dando álibi para o “quem não quer conversa é ele”.
Por fim, Márcia deixou de tratá-lo como aliado, no “adversário a gente não escolhe, a gente enfrenta” e Duque a acusando de traição, de quem “recebeu uma grande herança e não cuidou”.
Restam duas perguntas pro futuro: primeiro, o que Márcia Conrado vai dizer em contraponto a todos os questionamentos de Luciano. Apesar do conhecido modus operandi, de evitar parar tudo para se posicionar em resposta, dessa vez as informações dão conta de que ela pode convocar uma coletiva para se defender a apresentar elementos novos. A conferir. Quem assina esse texto, não acredita. Não é do perfil da prefeita parar tudo para se posicionar assim.
A outra dúvida, se Luciano Duque terá ou não disposição em ser ele o candidato para enfrentar a gestora. Isso porque há dois cenários. Sem Duque encabeçando a chapa, mesmo com sua liderança, a eleição vira protocolar, para marcar posição, com amplo favoritismo da prefeita.
Já se ele se decide candidato, o ambiente e atmosfera mudam. Há muitas variáveis em jogo, mas a eleição ganha ares de super pleito, de super embate. O estado vai parar para assistir.