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O adeus a Dona Betinha

Publicado em Notícias por em 29 de dezembro de 2021

Por Magno Martins, jornalista

A morte de uma mãe é a maior dor da vida, ferida que pode ser cicatrizada, nunca apagada. Quem, como eu, que já perdi o meu jardim de margaridas, a minha Margarida Martins, em 2013, sabe exatamente a extensão desse martírio. É como arrancar, abruptamente, um pedaço do corpo, partir ao meio o coração, a alma, o espírito.

Antes do galo cantar três vezes, ontem, Deus chamou para sua morada eterna Beta Pires, a Dona Betinha, aos 89 anos. Arrancou um taco do coração de José de Sá Maranhão Júnior, ou simplesmente Júnior Finfa, o conhecido blogueiro de Afogados da Ingazeira, minha terra natal, que já trabalhou na equipe do meu blog.

Ivonete Pires de Sá Maranhão era o seu nome completo. Seis filhos, viúva de José de Sá Maranhão, o Zezito Sá, o grande da amor da sua vida, que perdeu com apenas 48 anos. Zezito era amigo do meu pai Gastão Cerquinha. Trabalharam juntos nos Correios e Telégrafos. Leitor insaciável, Zezito passava todos os dias na loja do meu pai para pegar um bigu na assinatura do velho Diário de Pernambuco, que chegava às 14 horas em Afogados da Ingazeira no bagageiro do ônibus da Progresso.

Depois da rádio Pajeú, pioneira no Sertão, o DP era o único meio de comunicação que chegava até nós trazendo notícias da civilização, das cidades grandes, da capital Recife. Dona Betinha, vez em quando, ia pegar o jornal para o marido ler quando ele chegava esbaforido de trabalho nos Correios. Baixinha, branca feito uma neve, Dona Betinha era um amor de pessoa, parceira e amiga do peito de minha mãe.

Na vida, o amor aparece, é plantado como uma rosa perene no coração de todas as formas: amor da mulher amada, amor de filho, amor de amigos. O mais sublime, incomparável amor, é o de mãe. O único amor que existe de verdade é o amor de mãe, permanece mesmo após a morte. A morte de uma mãe, para o filho, é ver um pedaço dela morta dentro dele.

Dona Betinha foi uma mãe sofrida. Além do marido, sua única paixão em vida, a quem entregou sua vida aos 28 anos, viu Deus tirar do seu convívio a filha Raquel, uma das amigas de infância mais doce que tive. Nunca mais Dona Betinha foi a mesma. Mãe não chora pela morte de um filho, mas por um pedaço dela que morreu. Foi a primeira morte de Dona Betinha.

Para Finfa, que chora sem parar, dona Betinha foi seu maior amor, sua rainha, seu tudo. Amou mais do que a sua própria vida. Para ele, foi uma heroína sem capa, uma rainha sem coroa, um anjo sem asas. Colo de mãe é o melhor remédio para todas as idades. O colo de Dona Betinha curou todos os males do filho amado.

Deus escolheu a melhor pessoa do mundo para ser a mãe de Finfa. Ela teve o filho mais visguento, mais apaixonado, mais embriagado de amor. Um filho que sempre esteve de plantão para vê-la alegre e sorridente saboreando a plenitude do amor e da alegria.

Que Deus estenda tapete vermelho para sua entrada no reino dos eternos!

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