Escudo de Chernobyl não consegue mais conter radiação, diz agência da ONU
O escudo protetor construído ao redor do local do desastre nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, não consegue mais cumprir sua função de confinar resíduos radioativos devido a um ataque de drone no início deste ano, disse a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU).
O Novo Confinamento Seguro (NSC, na sigla em inglês) em Chernobyl, que foi “severamente danificado” pelo ataque de drone em fevereiro, “perdeu suas principais funções de segurança, incluindo a capacidade de confinamento”, afirmou a AIEA em comunicado na sexta-feira (5).
Ucrânia acusou a Rússia de realizar o ataque de 14 de fevereiro em Chernobyl, o que o Kremlin negou.
O ataque atingiu o NSC, provocando um incêndio e danificando o revestimento protetor ao seu redor, informou a AIEA.
A agência de vigilância nuclear recomendou uma grande reforma da enorme estrutura de aço, que foi instalada há alguns anos para permitir operações de limpeza e garantir a segurança do local, quase quatro décadas após o pior acidente da história em uma usina nuclear.
“Reparos temporários limitados foram realizados no teto, mas uma restauração oportuna e abrangente continua essencial para evitar maior degradação e garantir a segurança nuclear a longo prazo”, disse o Diretor-Geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi.
Grossi acrescentou que não houve danos permanentes às estruturas de sustentação de carga do NSC ou aos sistemas de monitoramento.
A AIEA, que mantém presença permanente no local, “continuará fazendo todo o possível para apoiar os esforços de restauração completa da segurança nuclear”, afirmou Grossi.
Não é a primeira vez que Chernobyl está em evidência durante os quase quatro anos de guerra da Rússia na Ucrânia. As forças russas tomaram a usina nuclear e sua área circundante nos primeiros dias da invasão em grande escala de Moscou, dominando a instalação em fevereiro de 2022 e mantendo funcionários como reféns. Eles deixaram a usina e devolveram o controle ao pessoal ucraniano pouco mais de um mês depois.
O NSC é uma estrutura maciça de aço em forma de arco construída no local de Chernobyl para cobrir o reator número 4 destruído e conter seu material radioativo.
Como a maior estrutura móvel terrestre do mundo, o colossal hangar é uma façanha monumental da engenharia.

Construída em 2010 e finalizada em 2019, a estrutura foi projetada para durar 100 anos e tem desempenhado um papel crucial na segurança do local.
O projeto custou €2,1 bilhões e foi financiado por contribuições de mais de 45 países e organizações doadoras através do Fundo de Proteção de Chernobyl, de acordo com o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento, que em 2019 celebrou o empreendimento como “a maior colaboração internacional já realizada no campo da segurança nuclear”.
40 anos em 2026 – Em 26 de abril de 1986, uma explosão destruiu o reator nº 4 de Chernobyl, na então União Soviética, espalhando radioatividade por grandes extensões da Ucrânia, Belarus, Rússia e além.
Mais de 30 pessoas morreram na cidade próxima de Pripyat, na Ucrânia, com muitas outras sofrendo sintomas resultantes da exposição à radiação desde então, segundo a AIEA e a Organização Mundial da Saúde. As taxas de defeitos congênitos e câncer entre os residentes da área exposta à radiação ainda permanecem elevadas.
Reportagem de Kara Fox, da CNN.















