Editorial: momento mais difícil da pandemia
A fala do Secretário de Saúde, André Longo e as autoridades em saúde da região ouvidas pelo blog confirmam a tempestade perfeita para aumento de casos de Covid-19.
Todos os indicativos mostram aumento no número de casos, de ocupação dos leitos de UTI e agora, de circulação de versões mais agressivas do vírus, em plena mutação.
Aliás, mutar não é exclusividade, é comum aos vírus. Só que quando não há imunização plena, como estamos vivendo, falta atenção e medidas preventivas da população e autoridades, o coronavirus encontra o ambiente perfeito.
O Secretário de Saúde André Longo disse na coletiva dessa semana que os indicativos mostram um aumento rápido da pandemia. As semanas 8 e 9 foram as piores do ano. O sistema não aguenta e as UTIs estão no limite. “Estamos no início de um período que deve ser muito duro e de grandes dificuldades”, previu. Neste domingo, os dados indicavam 95% de ocupação dos leitos no estado.
Em todas as regiões, autoridades dizem que estão vendo o aumento de casos, inclusive entre os mais jovens. No Sertão, por exemplo, há muito medo do que venha a acontecer. Nos bastidores da entrevista para a Rádio Cultura com Carla Milena (XI Geres) e Lisbeth Rosa (Secretária de Saúde de Serra Talhada) o clima de apreensão era evidente. O que foi ao ar, já preocupante sobre as ocupações de leitos e o aumento de casos na região, se revelou ainda mais assustador nos bastidores.
É a maior encruzilhada de nossas vidas. No outro plano, a atividade comercial exausta, o setor de entretenimento esgotado, o povo cansado assistindo a tudo sem seguir as regras no momento onde elas são mais necessárias. A semana passada foi a do maior número de mortes na região do Pajeú, por exemplo.
Pior ainda é lutar contra outros tipos de virus, como os da imbecilidade e ignorância, de quem politiza um vírus que não escolhe lado. O pastor Lázaro, ex Olodum, disse que “quem pega Covid é do diabo”. Luta contra a doença em uma UTI. E que se recupere. Esta semana, um ouvinte ligou para a Rádio Pajeú após as críticas à postura de Jair Bolsonaro na contramão da ciência e disse “aceita que dói menos”, como se a luta pela imunização tivesse viés político. Como dizer “aceita que dói menos” a quem perdeu um ente na pandemia?
Não dá pra aceitar. Os próximos dias só devem reforçar isso, infelizmente. Se o programa nacional de imunização não avançar rápido, a previsão é de terríveis três mil mortes diárias, número admitido pelo próprio Ministério. Não tem “mi mi mi”…
Cuide-se. Cuide de sua família. Proteja-se. A vida continua sendo nosso patrimônio mais precioso.