Vinte e sete cidades não tem água nas torneiras no Estado. Em Alagoinha, desde 2012
Do Uol
Quem viveu um dia sem água em casa sabe bem como é difícil encarar as tarefas diárias. Agora imagine mais de 1.600 dias nessa condição. É assim que vivem os moradores de Alagoinha, onde falta água nas torneiras desde julho de 2012.
Segundo a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), Alagoinha foi o primeiro município a entrar em colapso em Pernambuco. Hoje, existem mais 27 cidades no Estado sem água nas torneiras.
Na cidade, a rotina dos moradores já parece acostumada com a vida sem água: eles lotam diariamente os quatro chafarizes montados pela prefeitura e que são abastecidos quase que diariamente pelos carros-pipa pagos pelo Exército.
Como são apenas quatro pontos de distribuição na cidade, os moradores precisam, em alguns casos, fazer longas caminhadas com baldes para buscar água. No chafariz do Matadouro Municipal, cada família tem direito a seis baldes de água por dia.
Wyllison Alves é responsável pelo chafariz do centro da cidade e conta que os moradores fazem fila sempre antes de encher os baldes. “É uma água boa que servimos, que é pega em uma fonte a 200 km de distância. Antes pegava aqui mais próximo, em Belo Jardim (55 km de Alagoinha), mas a fonte secou. A água num instante acaba, não dura nem uma hora”, diz, citando que, por dia –exceto às segundas–, chegam ao local entre 9.000 e 15 mil litros de água, a depender do caminhão.
Com a seca, o maior comércio da cidade hoje é a água. Genivaldo Galindo vende água mineral há quatro anos. Ele foi distribuidor de água de uma empresa por 20 anos, mas em 2012, já com a seca, decidiu cavar um poço em uma propriedade em Buíque (município vizinho), comprar um caminhão e vender água de porta em porta. Como a água é potável, vende por R$ 19 cada 100 litros da água. A situação é mais cômoda para quem tem dinheiro para comprar água.
No município inteiro não há mais nenhum ponto de acúmulo de água. A barragem Joaquim Américo, que sempre serviu à zona rural, secou. Segundo a Compesa, a solução para normalizar o abastecimento de água na cidade só ocorrerá com a conclusão da Adutora do Moxotó, que tem obras previstas para terminar em abril de 2018. A obra poderá ser antecipada em três meses, segundo a empresa, “caso o cronograma de desembolso enviado pela Diretoria da Compesa ao Ministério da Integração seja mantido.”