Notícias

Na ONU, Temer diz que impeachment de Dilma respeitou a Constituição

Por Nill Júnior

temer-onu2

Em sua estreia na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira (20) a chefes de Estado do mundo inteiro que o processo de impeachment que culminou no afastamento de Dilma Rousseff da Presidência “transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional”.

O peemedebista comentou o impeachment de Dilma ao encerrar seu discurso na tribuna da ONU. Há mais de 60 anos, é sempre o presidente brasileiro que faz o primeiro discurso entre os chefes de Estado na Assembleia Geral.

“O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional”, discursou Temer ao abrir a assembleia geral das Nações Unidas.

Empossado definitivamente no comando do Palácio do Planalto após Dilma ter sido considerada culpada pelo Senado de crime de responsabilidade, Temer foi alvo de protestos em Nova York ao chegar ao hotel onde está hospedado na metrópole norte-americana. Um grupo de manifestantes o recepcionou em frente ao hotel com cartazes de “Fora, Temer”.

Na tentativa de justificar o afastamento de Dilma, o novo presidente disse aos líderes mundiais que não há democracia sem regras que se apliquem a todos, inclusive, ressaltou o peemedebista, “aos mais poderosos”.

“É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz em meio a um processo de depuração de seu sistema político”, enfatizou.

O novo chefe do Executivo disse na ONU que, na visão dele, o Brasil tem “um Judiciário independente, um Ministério Público atuante, e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever”.

Segundo ele, no Brasil, não se prevalevem “vontades isoladas”, e sim “a força das instituições”. Ele destacou ainda que, na avaliação dele, as mudanças recentes no país se deram sob “olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre”.

“Nossa tarefa, agora, é retomar o crescimento econômico e restituir aos trabalhadores brasileiros milhões de empregos perdidos. Temos clareza sobre o caminho a seguir: o caminho da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social”, concluiu o presidente em seu discurso de estreia na Assembleia Geral da ONU.

Outras Notícias

Homem preso por agredir companheira e sogra

Na última quarta-feira (30), policiais da 13ª Delegacia Espacializada de Atendimento a Mulher (13ª DEAM) de Afogados da Ingazeira realizaram a prisão em flagrante de um homem pela prática dos crimes de invasão a domicílio e lesão corporal contra a companheira e a sogra. Segundo os relatos das vítimas, o autuado agrediu fisicamente a companheira […]

Na última quarta-feira (30), policiais da 13ª Delegacia Espacializada de Atendimento a Mulher (13ª DEAM) de Afogados da Ingazeira realizaram a prisão em flagrante de um homem pela prática dos crimes de invasão a domicílio e lesão corporal contra a companheira e a sogra.

Segundo os relatos das vítimas, o autuado agrediu fisicamente a companheira em via pública motivado por ciúmes, razão pela qual ela foi para casa de sua mãe em busca de ajuda.

No dia seguinte, ele foi a procura da vítima, dizendo de forma agressiva e em meio a insultos que ela tinha obrigação de viver com ele e deveria acompanhá-lo, foi quando a mãe da vítima interveio para protegê-la e fora agredida a pedradas.

O autuado já fora indiciado em outros inquéritos policiais contra a mesma vítima e outras mulheres por crimes de lesão corporal, ameaça, além de já ter sido processado por crimes de furto qualificado e feminicídio.

Centenário de Zezé Lulu será lembrado com evento dia 3 de dezembro

Está confirmada para o dia 03 de dezembro a festa em homenagem aos 100 anos do  repentista Zezé Lulu, no Sítio Serrinha, São José do Egito, onde o poeta nasceu. Zezé Lulu era analfabeto e não deixou livros publicados, tendo sido premiado em vários concursos. De obra, deixou apenas um cordel em parceria com Manoel Xudú […]

João, Zezé e Rosália: festa para Zezé Lulu
João, Zezé e Rosália: festa para Zezé Lulu

Está confirmada para o dia 03 de dezembro a festa em homenagem aos 100 anos do  repentista Zezé Lulu, no Sítio Serrinha, São José do Egito, onde o poeta nasceu. Zezé Lulu era analfabeto e não deixou livros publicados, tendo sido premiado em vários concursos. De obra, deixou apenas um cordel em parceria com Manoel Xudú Sobrinho. Cabe aos filhos e netos a missão de resgatar seu legado e história.

Como João Paraibano, Zezé não registrava seus versos. Ao contrário de João, quando apologistas se encarregavam de realizar registros, esse trabalho é um pouco maior no resgate à obra de Zezé. “Estamos buscando registros considerando que faz algum tempo e pretendemos lançar um livro”, diz Zezé Neto, que cuida da organização da festa ao lado do irmão João Vinicius e da mãe Maria Rosélia.

José Gomes do Amaral, Zezé Lulu, nasceu em 04 de dezembro de 1916, no Sítio Serrinha, distrito de São José do Egito. Era filho de Luiz Ferreira Gomes e Maria José de Santana, ambos agricultores.

Ca9459353-242e-4d3a-b30d-f5090875dfb4om apenas seis anos de idade, Zezé Lulu já assistia às noitadas de cantoria do poeta Antônio Marinho, seu tio por afinidade, quem mais tarde teria como referencial poético.

Luiz Ferreira, pai de Zezé, grande incentivador do filho, foi quem realizou o sonho do filho nas cordas da viola e no verso do repente. Iniciou sua carreira em 1940, participando em sua primeira cantoria na residência do Sr. José Bento, no Sítio Serrinha, lugar onde nasceu, cantando com o poeta Amaro Bernardino, também filho da região. Sua grande fonte de inspiração são coisas simples do sertão.

Na programação festiva, repentistas, shows com artistas como Paulo Matricó e muitas outras atrações. “A festa vai começar no entardecer”, diz João Vinicius. Perguntado sobre quem seguiu as veias do pai e avô, João brincou. “Difícil saber quem não é poeta”. Na programação, um artigo na revista Pajeuzeiro e outras atividades estão previstas.

O blog e a história: em 2018, também teve vaia, mas comício com Haddad ajudou Paulo a vencer

Em 22 de setembro de 2018, no Recife, o comício de Fernando Haddad e Paulo Câmara no Pátio do Carmo, foi chamado de um divisor de águas na campanha do petista, mas também deu o empurrão final para a vitória do socialista no primeiro turno em Pernambuco. O ato, em um primeiro turno que era […]

Em 22 de setembro de 2018, no Recife, o comício de Fernando Haddad e Paulo Câmara no Pátio do Carmo, foi chamado de um divisor de águas na campanha do petista, mas também deu o empurrão final para a vitória do socialista no primeiro turno em Pernambuco.

O ato, em um primeiro turno que era liderado por Bolsonaro,  foi chamado pelos aliados do petista de o maior evento de campanha realizado até então por qualquer dos candidatos ao Planalto, com milhares de pessoas nas ruas do Recife.

Foi o início da segunda rodada de visitas de Haddad a todos os estados do Nordeste.

Na pesquisa mais recente em Pernambuco, Haddad havia saltado de 10% para 26%, mas Bolsonaro passara de 12% para 17%.

Sobre o evento de Haddad em Recife,  dois pontos foram evidenciados.

O candidato petista usou linguagem mais popular recorrendo a “causos”, se conectando muito bem com a multidão presente.

Lá, assim como essa semana, parte dos militantes petistas vaiaram o candidato à reeleição Paulo Câmara, do PSB, chamado de “golpista”, depois que o PT descartou a candidatura da petista Marília Arraes ao governo de Pernambuco para fechar um acordo informal com o PSB. O voto pró impeachment de Dilma vindo do PSB também foi invocado.

Nesse caso, pouco importou. O alinhamento com o PT, com Haddad e o então preso ex-presidente Lula, materializados naquele grande comício,  ajudaram a garantir a vitória de Paulo Câmara sobre Armando Monteiro no primeiro turno, com 50,65% dos votos.

PSL realizou encontro regional em Serra Talhada

O primeiro Congresso “Muda Sertão, Muda de Verdade” aconteceu na tarde deste sábado (26) na cidade de Serra Talhada. Estiveram presentes lideranças municipais da legenda do Sertão e de outras cidades do Estado, além de nomes do Rio Grande do Norte. O presidente Estadual do partido, Marcos Amaral participou como prometido e falou das perspectivas […]

O primeiro Congresso “Muda Sertão, Muda de Verdade” aconteceu na tarde deste sábado (26) na cidade de Serra Talhada.

Estiveram presentes lideranças municipais da legenda do Sertão e de outras cidades do Estado, além de nomes do Rio Grande do Norte.

O presidente Estadual do partido, Marcos Amaral participou como prometido e falou das perspectivas do partido em Pernambuco.

Com a vitória do presidente Jair Bolsonaro, representantes do PSL na região começaram a discutir o fortalecimento da legenda. Dentre os projetos, ocupar cadeiras em Câmaras de Vereadores e, onde houver espaço, até indicar nomes para a composição majoritária nas cidades.

Em Pernambuco,a legenda tem o seu presidente nacional, o Deputado Federal Luciano Bivar e começa a engrossar fileiras com nomes a exemplo do Deputado Fabrizio Ferraz.

 

A ideia é também ampliar o leque de filiações no PSL da região, mas primando pelos que tem afinidade ideológica com o partido e não na onda do adesismo após o partido chegar ao poder.

A maior delegação foi a anfitriã, de Serra Talhada.  Nomes como Eliane Oliveira (presidente), Jô Alves, Hélder Menezes, João Nilton estiveram na coordenação. Na cidade, o empresário João Daniel, da Cedan Rações, também no encontro, é cotado como pré candidato a prefeito.

Também participaram membros da executiva municipal de Afogados da Ingazeira: Toninho Valadares, Wesley de Almeida, Josivan Veras e Renato Rabelo estiveram presentes.

O congresso, marca o início de uma série de encontros que acontecerão pelo interior do Nordeste, onde serão debatidas políticas públicas e projetos políticos da legenda.

Imagem justa e veríssima do Congresso

Por Muniz Sodré/Folha de S.Paulo* Cada deputado, um Justo Veríssimo de Chico Anysio, embolsa por mês R$ 341.297, e ao pobre eleitor é dado salário mínimo de R$ 1.518 Muito já se escreveu sobre humor, mas nada sobre seu poder antecipatório. Quando Freud diz que se trata de “um dom precioso e raro” (em “O Chiste […]

Por Muniz Sodré/Folha de S.Paulo*

Cada deputado, um Justo Veríssimo de Chico Anysio, embolsa por mês R$ 341.297, e ao pobre eleitor é dado salário mínimo de R$ 1.518

Muito já se escreveu sobre humor, mas nada sobre seu poder antecipatório. Quando Freud diz que se trata de “um dom precioso e raro” (em “O Chiste e suas Relações com o Inconsciente”), adianta que pode ser também álibi para uma verdade que não podia ser expressa. No psiquismo, o inconsciente abre caminho pelo riso, sem o sofrimento dos sintomas, para uma realidade recalcada. Mas antecipar é virtude desconhecida ou deixada de lado.

Oportuno, assim, evocar Justo Veríssimo, personagem do saudoso Chico Anysio nos anos 90, prefiguração hilária de um deputado que abominava desprovidos da sorte, trabalhadores, o povo em geral. “Eu quero que o pobre se exploda!”, seu bordão. A criação televisiva ia ao encontro de uma ácida denominação, recorrente na coluna de Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio Porto), década de 60: “Depufede”.

Isso existia ainda em grau concebível de indecência quando Lula em 1993 resumiu sua experiência parlamentar numa frase lapidar sobre a composição do Congresso: “Uma maioria de 300 picaretas cuidando apenas de seus próprios interesses. E não caíram de paraquedas, foram eleitos”. Havia, portanto, bases político-sociais para que o humorismo antecipasse o choque de hoje ante um Congresso, necessário à República, mas por inteiro alienado da representação popular. Representação definida apenas pelo conceito numérico da votação é uma falácia, avessa à real delegação de classe social.

Focado na centralização presidencial, o eleitorado é letárgico frente ao Legislativo. Mas agora o chorume moral do “depufede” chega às narinas populares. E assim surge a Frente Povo sem Medo, que prega a taxação dos bilionários, junto com a redução dos salários de deputados e senadores. Cada Justo Veríssimo embolsa por mês um total de R$ 341.297 (R$ 47.700 de salário, R$ 94.300 de verba de gabinete, R$ 53.400 de auxílio paletó, R$ 5 mil de combustível, R$ 22 mil de auxílio moradia, R$ 59 mil de passagens aéreas, R$ 17.997 de auxílio saúde, R$ 12.100 de auxílio educação, R$ 16.400 de auxílio restaurante, R$ 13.400 de auxílio cultural). Para o eleitor pobre, um salário mínimo de R$ 1.518. Logo, que se exploda.

Mas a questão não se contém nesse mensalão obsceno. A derrama das emendas é tanto rombo orçamentário descontrolado quanto sintoma de surda conspiração contra a governabilidade executiva. Decorre das circunstâncias eleitorais, que seriam em princípio pretexto de reorganização da ordem do Estado. Eleições parlamentares, entretanto, passaram a favorecer a desorganização da ordem liberal, a saber, obstrução da participação democrática a partir da ideia de representação. Assim como os partidos (exceto talvez os pequenos) não espelham fração de classe nenhuma, a eleição de deputados e senadores não constitui forma de democracia direta pelo voto. É autonomia patrimonialista da atividade política.

Deste modo, o poder de legislar, moldado cada vez mais pelo princípio do vazio social, abre-se ao pleno dos interesses pessoais. Emendas sem transparência são mecanismos de reeleição e manutenção de feudos regionais, assim como instrumentos de chantagem contra um Executivo acuado. Nada menos que uma modulação do golpismo permanente, modernizado em 2016. Para Justo Veríssimo se atualizar, só lhe faltam um punhal verde e amarelo nos porões, boné de Trump nos palanques e pitadas de inglês para conspirar lá fora contra o país dos pobres.

*Sociólogo, professor emérito da UFRJ, autor, entre outras obras, de “Pensar Nagô” e “Fascismo da Cor”