Homem que sobreviveu a blindado em Caracas: “chegaram a toda velocidade”
Na última terça-feira (30), durante os protestos que tomaram conta de Caracas, na Venezuela, carros blindados da polícia avançaram sobre os manifestantes que foram às ruas da cidade protestar contra o regime de Nicolás Maduro e a favor de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino.
“Vimos os veículos blindados chegando a toda velocidade. Eu tentei sair e correr pela lateral, para sair do caminho. Ele veio rapidamente e me atropelou. Na hora em que passou por mim, só lembro que estava tudo escuro. Eu não vi nada, estava tudo escuro. A única coisa que pensei foi que estava vivo”, relatou um dos manifestantes, atingido pelo blindado.
Os conflitos na cidade já deixaram cinco mortos e 239 feridos, segundo a ONU informou nesta sexta-feira (3).
“Foram 61 balas de borracha em todo o meu corpo. As balas estavam nas minhas costas, braço e antebraço. Eu estava no chão e eles atiraram em mim”, narrou outro manifestante. Além das balas de borracha, os militares também lançaram bombas de gás contra as pessoas.
“Foi realmente forte, horrível, a forma como estavam tratando as pessoas, de forma desumana”, disse um dos feridos.
“Seguimos com grande preocupação a situação na Venezuela”, afirmou a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, também na sexta-feira. As autoridades venezuelanas devem garantir “que as operações sejam conduzidas por forças de segurança”, em vez de grupos armados sem controle conhecidos como “coletivos”, segundo ela.
A fonte oficial informou também que pelo menos dez jornalistas ficaram feridos quando cobriam os protestos de 1º de maio, cinco deles por arma de fogo.
De acordo com a ONU, as vítimas foram mortas a tiros por grupos pró-Maduro entre os dias 30 de abril e 1º de maio. Com isso, eleva-se para 49 o número de mortes neste ano no conflito.