Cultura pernambucana chora a morte do cordelista José Costa Leite
Patrimônio Vivo do Estado e uma das referências nacionais da literatura de cordel tinha 94 anos
Pernambuco perdeu, na manhã desta terça-feira (24), o talento e a arte do cordelista, poeta e xilogravurista José Costa Leite, de 94 anos.
Paraibano de nascença, foi aos 11 anos com a família morar no município pernambucano de Condado. Ele era Patrimônio Vivo do Estado desde 2006.
“Ficamos tristes com a notícia da passagem do poeta José Costa Leite, uma referência nacional do cordel. Ele deixou uma obra importante para o Brasil. Foi um cronista do seu tempo”, comentou Gilberto Freyre Neto, secretário Estadual de Cultura.
“A cultura popular perde muito com a morte de José Costa Leite. Foi um dos primeiros mestres a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2006, e permaneceu atuante no seu oficío de contar histórias. Mostrou, com a simplicidade e delicadeza da literatura de cordel, a sua forma de ver o mundo”, declarou Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe.
José Costa Leite estreou na literatura de cordel em 1947, vendendo, declamando e escrevendo folheto de feira. O primeiro almanaque foi feito em 1959, para o ano de 60, e chamava-se, àquela época, Calendário Brasileiro.
As primeiras xilogravuras são de 1949, para os folhetos autorais “O rapaz que virou bode” e “A peleja de Costa Leite e a poetisa baiana”.
Na infância e adolescência, trabalhou no corte da cana, plantou inhame, foi cambiteiro, cambista, mascate, camelô de feira. Sem acesso à escola formal, foi alfabetizado enquanto imitava outros poetas do cordel.
Aos 20 anos, produziu e comercializou os primeiros folhetos nas feiras: “Eduardo e Alzira” e “Discussão de José Costa com Manuel Vicente”, ambos de sua autoria.
Teve sua vida contada no livro Histórias e práticas culturais do poeta José Costa Leite (Editora Appris), do historiador Geovanni Gomes Cabral, lançado em 2020.