Coluna do Domingão
As lições do caso Zirleide
Indiscutivelmente, o fato da semana foi o que envolveu a fala da vereadora Zirleide Monteiro (sem partido) ao atacar o filho portador de necessidade especial de uma assistente social, por ser sua adversária política.
Ao dizer que ser portador de autismo ou síndrome é “um castigo de Deus”, Zirleide atraiu a indignação de toda a sociedade. Em tempos de comunicação mais ágil e redes sociais, a notícia correu trecho numa velocidade estonteante. Zirleide atacou um e atingiu todos, a partir de pais e mães de portadores de necessidades especiais.
Nas redes sociais, no rádio, na TV, nas ruas, o assunto era o primeiro na ordem do dia. E o tom, praticamente uma unanimidade: não há outro caminho senão a cassação da vereadora, como lição para que o episódio não se repita.
Zirleide virou charge nas mãos do respeitado cartunista baiano Gilmar Machado, foi notícia nos principais veículos do Brasil, passando por UOL, Estadão, Folha, Grupo Globo. Virou comentário na análise de Kátia Fonseca a Sílvia Abravanel, uma das filhas de Silvio Santos. Caiu na desgraça de especialistas e influencers.
Aconteça o que acontecer daqui pra frente, será marcada pela infeliz declaração. Em toda sua vida política, desde o período em que fora aliada de Zeca Cavalcanti até sua guinada pró Wellington, de quem era adversária, nada terá mais relevância. O discurso de ódio e a equivocada visão de que a dádiva, ter um filho especial, é castigo, marcará sua trajetória.
Isso porque, apesar de retirar o que disse na mesma sessão, de pedir desculpas em seguida numa nota que circulou nas redes, vale o dito originalmente. Para a opinião pública, vale a primeira Zuleide. Aquela para a qual, ter um filho especial é castigo, mesmo que ela “sinta muito, muitíssimo”.
Na nossa cultura, a sabedoria popular tem muita força. Assim também são muitas das frases cunhadas por nosso povo, com a mesma eficiência de um mantra, muitas com base na fé e sapiência de nossa gente. Uma delas se aplica perfeitamente a Zirleide: “a palavra dita não volta à boca”.
Sugeriu renunciar
Os primeiros sinais indicam que a Comissão Prévia para avaliar o processo de cassação do mandato de Zirleide Monteiro já teria sinalizado posição por levar o processo ao plenário. A um interlocutor, o presidente da Comissão, Sargento Brito, disse ter sugerido a Zirleide renunciar para evitar mais desgaste. “Não vou ficar contra a lei nem contra o povo”.
A defesa
Como todo processo, Zirleide Monteiro terá direito ao contraditório e ampla defesa. E a parlamentar já escolheu sua advogada: a renomada Diana Câmara, especialista em Direito Eleitoral.
Pela culatra
A mãe do jovem João Henrique, Luzia Damasceli, vice-presidente do Conselho Municipal de Assistência Social e líder comunitária da Cohab II, de alvo da vereadora Zirleide Monteiro, virou nome dado como certo para disputar com protagonismo um mandato eletivo em 2024. Já estaria sendo convidada por alguns partidos, mas ainda não disse se vai.
“Quem tem sou eu”
O blogueiro Marcelo Patriota disse ter ouvido de Gleybson Martins que não há outro critério para escolha do nome da oposição de Carnaíba que não pesquisa. “A decisão será por quem tem voto. E quem tem voto é Gleybson Martins”, disse, segundo Marcelo. Ele disputa espaço com a empresária Ilma Valério.
De dez pra quatro
A lista de dez nomes que Waldemar Oliveira disse haver no seu grupo para disputar a prefeitura de Serra Talhada caiu para quatro: Alan Pereira, Duquinho, André Terto e Faeca Melo. “Estão com o bloco na rua. Estamos avaliando e vendo as pesquisas”, disse, falando ao jornalista Magno Martins.
E de quatro pra um
Mas, admitiu possível alinhamento com Luciano Duque. “Hoje temos pouca afilidade com a prefeita Márcia Conrado. A gente tem uma boa relação com Luciano, que está com a candidatura de Ronaldo de Dja. Lá na frente a gente pode se encontrar, mas por enquanto não há nenhum acordo. “. E arrematou: “hoje o nome pra derrotar Márcia é Luciano Duque”.
Prego batido…
Editores do Mais Tuparetama, que cravaram a chapa de Sávio Torres com Diógenes Patriota prefeito e Luciana Paulino vice, detalharam a notícia à Coluna. “São informações baseadas no grupo do prefeito. Os vereadores Tanta Sales e Valmir Tunu apoiam Luciana pra vice. E 80% do grupo do prefeito também. Mas que ele não vai dizer agora. Só ano que vem”.
Não ca$aram
Aliás, até o fechamento dessa Coluna, a tal aposta dos R$ 100 mil entre Zé Negão e Vicentinho, que deu tanto assunto na semana, ainda não havia sido casada. A aposta seria para quem tem mais voto pra vereador ano que vem. De tanta repercussão, o tema rendeu dois debates na Rádio Pajeú.
Frase da semana:
“Minha mãe sempre me preparou para enfrentar um mundo preconceituoso”.
Do estudante João Henrique Guedes Santana, 18 anos, filho da assistente social Luzia Damasceli, alvo principal do ato de preconceito da vereadora Zirleide Monteiro.