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Coluna do Domingão

Publicado em Notícias por em 8 de maio de 2022

O que está acontecendo com a Frente Popular?

A Frente Popular de Pernambuco tem uma contribuição histórica inquestionável.  Só pegando uma janela mais contemporânea,  emocionou Pernambuco com a volta de Arraes do exílio e sua eleição em 1986, um ciclo que durou até 1998, até a derrota para Jarbas Vasconcelos.

Arraes saiu de cena e a Frente Popular se reinventou com Eduardo Campos,  vivo ou morto,  o grande responsável por um ciclo de poder que já chega a incríveis 16 anos com seus dois mandatos,  mais os de João Lyra Neto e Paulo Câmara.

Em todo esse período,  se há algo que a Frente aprendeu a fazer foi política.  Não é fácil gerir um bloco tão heterogêneo,  claro, em parte pelos partidos fisiologistas, parte dos mesmos que agora ameaçam pular o barco, tal qual o papagaio que só solta um arame quando está agarrado ao outro, a complexa relação PT-PSB, administrar egos e interesses aos montes, tudo para manter um modelo político e de poder. Até esses dias, a Frente Popular conseguiu. Até esses dias.

Isso porque há muito não se via como nesse processo tanto jogo de interesses à mostra, ameaças de rompimento,  chantagens,  dissidências.  A ponto de aliados de Danilo Cabral,  o ungido ao governo, especularem que ele pode estar imaginando onde foi que se meteu. A todo momento, um incêndio,  cada um maior que o outro.

Só nessa semana,  foram três importantes partidos a darem o passo da discordância do caminho apontado pela Frente.  Progressistas,  PSD e Avante fecharam em torno de André de Paula para o Senado,  contra a indicação de Teresa Leitão.  Não são poucos os que dizem que o passo seguinte será o pulo para apoio à primeira e mais importante dissidente, a candidata do Solidariedade,  Marília Arraes.  Se muitos apostavam no definhar de sua candidatura por falta de estrutura e tempo no guia, perder esses partidos vai lhe garantir exatamente o que faltava.

Mas, estariam André,  Dudu e Sebá traindo Paulo, Danilo e o bloco? O pior, aparentemente a condução sem um firme fio condutor indica que não.  Isso a partir da intencional revelação de Sebastião Oliveira de que há 40 dias,  ouviu de Paulo Câmara que o candidato ao Senado seria André de Paula.  De fato, toda a nata política de Pernambuco,  de vereador a Deputado, jornalistas especializados, analistas, cientistas políticos,  já cravavam a candidatura de André.  Quando tudo parecia pacificado,  o PT nacional e o ex-presidente Lula viram a mesa, rifam e desmoralizam André e anunciam Teresa Leitão.  A reação de André,  com suas virtudes e defeitos, foi a que qualquer um tomaria. O estrago estava feito.

Pior é o efeito manada ou dominó.  A cada dia e a cada pesquisa mostrando as posições de Marília e Danilo, o movimento vai se replicando no interior. Claro, em muito por lideranças sem nenhum compromisso político ou afinidade ideológica,  mas pela simples percepção de “pular” pra quem pode ganhar. Ou se estanca logo esse movimento ou a partir de determinado marco temporal,  ele pode se tornar irreversível.

Aí entra o debate sobre quem lidera o processo.  Arraes era tratado como mito. Vi muito político tomando decisões ou recuando delas após ouvi-lo. Já Eduardo era da conquista pela liderança natural, mas também sabia chamar na catraca, ser duro, habilidoso negociador e conciliador, onde o atual bloco viveu seu auge.

Já no atual contexto, o líder natural é o governador Paulo Câmara.  Só que a impressão que passa é que sua liderança resistiu até sua reeleição.  Paulo, que se não é o melhor governador da história,  de longe não é o pior, ainda paga um preço pela personalidade mais retraída , a ausência de Eduardo e os guetos formados na Frente,  do grupo de Renata e João Campos, a Geraldo Júlio,  Sileno Guedes, Tadeu Alencar,  o próprio Danilo.  São muitas vozes carentes de um comando inquestionável.  Nenhuma personalidade pós Eduardo hoje veste esse personagem. O resultado é esse.

Pior é ouvir essa história de muitos socialistas,  alguns históricos e outros de ocasião,  se perguntando o que está acontecendo com a condução do processo na Frente Popular, sem colocar a cara, mas sem tirar uma vírgula dessa análise.  Pra quem é adepto e torce pra Frente, um consolo de que a política ensina que uma campanha tem muitas variantes, que ainda há possibilidade de reverter os erros no processo até aqui.  Mas os erros precisam ser enfrentados agora, em um gabinete político de crise. Porque você pode até querer parar o tempo,  mas o tempo não tem parada.

Força estranha 

A presidente do SINDUPROM,  Dinalva Melo, disse ao comunicador Júnior Alves que uma “força estranha” atrapalha a negociação do piso com a gestão Nicinha em Tabira. A força estranha já disse que “tem professor querendo ganhar mais que a prefeita” e a orientou a botar educadores na justiça.  Chama-se Dinca Brandino.

Opostos

Luciano Duque e Sebastião Oliveira não se juntam. Em Custódia,  após o Federal do AVANTE ganhar o apoio do  prefeito Manuca, a oposição fechou apoio ao ex-prefeito do Solidariedade.

Refugou

O petista Flávio Marques,  de Tabira, foi convidado a assumir a Secretaria Executiva de Cultura do Estado, apenas um degrau abaixo do titular,  Oscar Barreto. Até a Fundarpe chegou a ser sondada, com menos força.  Mas Flávio disse não.

Dois

De prefeitos do Pajeú no lançamento da candidatura de Lula, apenas Márcia Conrado e Anchieta Patriota (foto). O prefeito de Carnaíba também é aliado de primeira ordem de Danilo Cabral,  que apoiou mais de uma vez pra Deputado.

Agenda de mãe 

Mãe na política não é fácil.  Márcia Conrado ficou toda noite da sexta e madrugada do sábado recebendo convidados no camarote oficial, acordou cedo pra o desfile pelos 171 anos, teve programação extensa o dia todo e sábado estava no lançamento da candidatura de Lula em São Paulo.

Debate

Evângela Vieira, que surpreendeu ao anunciar sua candidatura à Deputada Estadual,  é convidada do Debate das Dez dessa segunda, ma Rádio Pajeú.  Evângela se filiou ao Solidariedade de Marília Arraes.

Sabe de nada

A entrevista de João do Skate,  presidente da ARCOTRANS, à TV LW sobre o fim do contrato da Zona Azul e da organização do trânsito na cidade só prova o que o arrumadinho político traz de prejuízo. O que João aparenta entender de trânsito, Safadão entende de forró autêntico.

O que diz o procurador 

O Procurador Regional Eleitoral Roberto Moreira de Almeida opinou pelo não provimento dos recursos de Sebastião Dias, Flávio Marques e Aldo Santana contra a condenação por abuso de poder econômico nas eleições de 2020. “Os servidores contratados eram inseridos no grupo para realizarem campa­nha eleitoral”. A palavra final será do TRE.

Passou da hora

O prefeito Sandrinho Palmeira garante que bota pra andar a municipalização do trânsito em Afogados da Ingazeira.  E já era tempo. Esses dias, até carro de Auto Escola foi flagrado estacionado em faixa amarela, em frente ao prédio do Cine São José.

Frase da semana:

“Sou candidato a senador pelo Estado de Pernambuco”.

De André de Paula (PSD), botando mais fogo no caldeirão da sucessão em Pernambuco.

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