Coluna do Domingão
Nada será como hoje!
Nem o melhor roteirista político definiria o cenário de super decisão da eleição mais assistida do país, a de Recife.
Faz uma semana apenas, muitos eram os que definiam como “quase impossível” a campanha de João Campos conseguir reduzir uma vantagem que oscilava entre oito e dez pontos percentuais em favor da petista Marília Arraes. Mas ela foi reduzida e neste domingo, só a formalização do resultado poderá revelar quem vai gerir o Recife a partir de 1 de janeiro.
A bem da verdade, a muito não se via uma campanha de tão baixo nível como a que assistimos entre socialistas e petistas. Os ataques foram em muito covardes, baixos, com temas que nada tem a ver com capacidade gerencial e discussão real dos problemas de uma das cidades mais complexas e desiguais do país. Em alguns momentos, algumas pautas bolsonaristas pareceram puritanas perto do que se viu.
A campanha de João Campos atacou com a fala de Marília Arraes defendendo a retirada da bíblia do espaço da Câmara do Recife por vivermos em país laico. Todos sabemos que não é essa a questão que deve prevalecer no debate sucessório . Apelar pra isso foi pobre, baixo e deu certo. Parte do eleitorado mais conservador fez crescer a rejeição e cair a intenção de Marília.
No contra ataque, o uso rasteiro de um áudio da avó de Campos, Ana Arraes, dizendo ter sido agredida pelo neto João. Outra vez, sem nenhum efeito prático na pauta que realmente interessa ao povo do Recife.
Em maior ou menor dose, os ataques de João ao PT e Lula, com quem o pai teve uma relação além política, as críticas de Marília a Renata Campos, a divisão de uma família por disputa de poder, partidos que podem estar juntos em 2022 no plano nacional se atacando vorazmente, no grande jogo de interesses. Tudo isso só empobreceu o debate.
A capital que amamos, outrora vitrine, sinônimo de eleições históricas e de campanhas alinhadas com sua boa rebeldia e identidade, fica manchada por um processo eleitoral pobre, baixo e feio. Um péssimo exemplo pra Pernambuco…
Dito isso, o dia de hoje vai mudar o eixo gravitacional da política no estado, vença quem vencer. Essa é daquelas campanhas que serão lembradas a cada eleição, pelas próximas décadas. Nada será como hoje…
Olha a pesquisa!!
Atenção pras pesquisas que indicam quem ganha em Recife! Ipespe: 50% João e 50% Marília. Real Big Data mostra Marília com 50% e João com 50%. Mas calma que o Datafolha é contraprova: 50 a 50. Lá vem o Ibope: 50% pra um e 50% pra outra…
O cada um de cada um
Se as pesquisas estiverem corretas, o ligeiro favoritismo é de João, dizem aliados, pela curva ascendente em todos os institutos. Pode ter ganho com a manutenção da curva nas últimas 48 horas. Mas os pró Marília afirmam que ela manteve firmes os 50% e terá a sobra que lhe garantirá a eleição.
Fácil x duro
Bruno Covas (PSDB) em São Paulo, Eduardo Paes (DEM) no Rio de Janeiro, Cícero Lucena (PP) em João Pessoa e Dr Pessoa (MDB) de Teresina serão eleitos. Além de Recife, Porto Alegre, com Manuela Dávila (PCdoB) x Sebastião Melo (MDB), Vitória com José Coser (PT) e Delegado Pazolini (Republicanos) terão decisões apertadas.
Intubado e reeleito
Em Goiânia, Maguito Vilela será reeleito sobre Vanderlan Cardoso em um leito de UTI. Continua em ventilação invasiva com traqueostomia, ligado ao aparelho ECMO e fazendo hemodiálise, segundo boletim médico divulgado neste sábado (28). Está internado há mais de um mês em tratamento contra a Covid-19.
A força do debate
A Diretora do Instituto Ipespe, que divulgou pesquisas com a Folha de Pernambuco e deu mais um 50×50, Marcela Montenegro, disse em entrevista a esse blogueiro que em uma disputa tão acirrada, o impacto do debate da Globo no público mais politizado pode ter decidido o pleito.
Terno passado
Falando em eleições, presidentes de Câmara definidos ou encaminhados na região do Pajeú: Ronaldo de Dja (Serra Talhada), Rubinho do São João (Afogados), Beto de Marreco (São José do Egito), Edmundo Barros (Tabira) e Dr Júnior (Santa Terezinha).
Frase da semana:
“Uma vez mais, venho pedir a todos os eleitores: não deixem de votar”. Do presidente do TSE, Luiz Roberto Cardoso. Ele promete, ao contrário de 15 de novembro, uma apuração rápida.