Aos 60 anos, jornalista Beto Rezende morre com suspeita de Covid-19
O jornalista Beto Rezende faleceu nesta terça-feira (18), aos 60 anos, após ser internado em estado grave no antigo Hospital Alfa, no Recife. Rezende estava com suspeita de Covid-19.
Referência para o jornalismo pernambucano, Beto trabalhou nos três jornais da capital – Diário de PE, JC e Folha de PE e também na TV Manchete e TV Jornal.
Atualmente, se dedicava a manter no YouTube o canal “Dardos e Ideias”, debatendo temas como cultura, política e outros assuntos relevantes.
Irmã de Beto, a professora Ilma Rezende define o irmão como “uma pessoa que levava a vida em carne viva”. “Ele tinha disposição para nadar contra a corrente, dar murro em ponta de faca. Ele viveu com coragem e tinha um profundo amor pela condição humana”, resume.
Ilma relata que Beto era completamente apaixonado pelas quatro sobrinhas, a mais velha delas, Luiza, inclusive fez jornalismo influenciada pelo tio. “A família vai sentir muito a falta dele, ele era um irmão muito querido, muito difícil pensar que ele não está mais aqui”.
Nascido em Sergipe, Beto era o “mais pernambucano dos pernambucanos”, segundo a irmã. “Ele era completamente apaixonado por Pernambuco, pela história, cultura, literatura”, revela.
O amor por Pernambuco se estendia aos amigos que fez no Estado. “Alberto era, sobretudo, imensamente humano, uma capacidade de se doar para os amigos muito grande. Os amigos sabem a pessoa de luta que ele foi, sempre lutou pelos princípios, entrou e saiu do Partido Comunista, mas os ideais da juventude sempre estiveram presentes”, conta Ilma.
O publicitário Orlando Mindelo, amigo de Beto ao longo de 35 anos, frisa que Rezende deixa um legado de enorme ética profissional. “A definição dele como profissional é essa: um homem ético. Um legado de companheirismo, ética e profissionalismo”, destacou.
“Ele pra mim é um amigo-irmão, nos últimos dez anos morávamos perto e sempre estávamos assistindo futebol juntos, almoçando juntos lá em casa. São 35 anos de amizade, de carinho. Uma pessoa do bem, maravilhosa, que fez amizades por onde passou”, acrescentou Mindelo, relembrando do perfil por vezes briguento do amigo quando o assunto era futebol. “Nós tínhamos os mesmos times, o Náutico e o Flamengo, vimos muitos jogos dos dois times juntos”, contou.
O deputado estadual Waldemar Borges (PSB), que militou politicamente junto com Beto, afirmou que recebeu a notícia com imensa tristeza. “Toda vida perdida é insubstituível, mas há algumas que nos abalam mais. A de Beto é uma dessas. O talento dele, o bom caráter, a capacidade de formular que ele tinha, um profissional extraordinário, um ser humano raro”, definiu Waldemar, frisando que o amigo “nunca deixou de militar pelas melhores causas que sempre uniram as pessoas comprometidas com um futuro melhor”. “Perder ele para essa pandemia que ceifa tantas vidas nos deixa profundamente abalados”.
Por meio de nota, o deputado estadual João Paulo (PCdoB) também lamentou o falecimento de Beto. “O jornalismo e a cultura de Pernambuco perdem muito com a precoce partida de Beto Rezende. Tive a satisfação de conhecê-lo e lamento muito sua morte. Beto é mais uma vida perdida para a Covid-19. Que tempos difíceis! Minha solidariedade aos familiares e amigos. Força!”.
Também amigo de Beto, o jornalista Evaldo Costa, gestor do Arquivo Público de Pernambuco, afirmou que ainda está chocado com a morte do ex-companheiro de atuação no Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco. “Da geração dele, foi um dos profissionais mais brilhantes. Um dos mais empenhados e dedicados no trabalho. Além de tudo isso, era um ser humano fora do padrão, não conheço ninguém que não gostasse de Beto Rezende. Uma pessoa carinhosa, respeitadora, generosa, uma unanimidade, única unanimidade que eu conhecia”, disse Evaldo.