48 horas para calibrar a articulação
Do Blog da Folha
Em política, 48 horas se transformam em uma eternidade. E é nisso que o Palácio do Campo das Princesas e parte do PSB apostam para tentar chegar a um consenso em relação ao nome do partido que ocupará a 1ª Secretaria da Assembleia Legislativa.
Disposto a bancar a candidatura de Lula Cabral, o Governo, que passou semanas protelando ao máximo as negociações em torno da eleição da Mesa da Alepe, sendo obrigado a engolir goela abaixo a reeleição de Guilherme Uchoa (PDT) e todos os questionamentos, inclusive jurídicos, decorrentes dessa postulação, lutará até o domingo para demover o deputado Diogo Moraes da ideia de bater chapa pelo cargo.
A equação é até fácil de fechar, a não ser por um problema: um não desiste e o outro não abre mão da disputa. Pelo menos até agora.
Durante a inauguração do novo prédio anexo da Alepe, Diogo Moraes reafirmou a posição externada na noite da quinta-feira (29), de disputar de todo o jeito a 1ª Secretaria. Tem a simpatia de Uchoa e, segundo os corredores da Assembleia, mais de 32 dos 49 votos da Casa. Ele alega ter feito o caminho “que a boa política pede”.
“Conversei com os eleitores. Construí minha candidatura na Casa e acho legítimo disputar. Sou candidato do PSB apoiado pela base e não tenho constrangimento de disputar. Todos nós temos o direito de votar e ser votado”, argumentou o parlamentar.
Também presente à cerimônia, Lula Cabral foi lacônico. “Sou o candidato do Governo e do partido”. Repetiu por três vezes essa frase. Momentos depois, disse que vem conversando com os deputados, e que tem certeza de que poderá sair vencedor.
Essa mesma expectativa positiva pode ser notada no líder do PSB na Casa, deputado Ângelo Ferreira, e no secretário-executivo de Articulação Política, André Campos, o elo entre o Palácio e a Casa de Joaquim Nabuco. E só. Na verdade, muito poucos apostam na vitória de Cabral, até agora.
Uns dizem que ele é candidato do secretário da Casa Civil, Antônio Figueira, do presidente do PSB, Sileno Guedes e do prefeito Geraldo Julio. Outros afirmam que os nove parlamentares do PSB que assinaram a postulação de Diogo Moraes não vão mudar de posição. “Fica feio. Pode ver que foram os novatos que assinaram. Os experientes não chancelaram. Mas mudar de posição fica ruim para eles”, argumenta ex-deputado, que tem excelente trânsito na casa.
E é nesse panorama desfavorável que o PSB tenta evitar o pior: depois de perder a presidência, apesar da gigantesca bancada de 15 dos 49 deputados, disputar no voto e ter o candidato palaciano (Lula Cabral) derrotado pelo preferido de Uchoa (Diogo Moraes). É lançar mão de todo o tipo de argumentação e de todos os artifícios possíveis para fazer valer a vontade do Governo.
Os lulistas apostam que o dueto articulação e traição, já que o voto é secreto, seja suficiente para virar o jogo. O problema é que, até agora, nenhuma articulação funcionou. A mira está descalibrada. A dúvida é se em 48 horas PSB e Governo encontrarão o caminho para evitar uma derrota que deixaria (á) o Palácio do Campo das Princesas em situação desconfortável, para não dizer vexatória. Até agora estão patinando.