Tradição, encenação da Paixão de Cristo resiste em algumas cidades e morre em outras
Em algumas cidades da região, a clássica encenação da Paixão de Cristo continua acontecendo, ou graças ao aporte do Governo de Pernambuco fruto dos projetos inscritos através do edital “Pernambuco de Todas as Paixões”, lançado em fevereiro deste ano, ou com estímulo e apoio de prefeituras.
Onde não há um ou outro, dificilmente há encenação da vida, morte e ressurreição de Cristo.
Avaliados por uma comissão formada por pareceristas especializados e pelo corpo técnico da Secretaria Estadual de Cultura, os vencedores foram anunciados em março.
No Sertão, apenas uma peça teve recursos após o edital: a Paixão de Cristo do São Francisco, em Santa Maria da Boa Vista, com apresentação amanhã, dia 21 e aporte de R$ 30 mil.
A de Triunfo, concluída ontem, ocorreu na Via Verde, localizada no Parque Iaiá Gastão. No local, palcos fixos, construídos pelo município, abrigaram a encenação e funcionaram como ponto de visitação de turistas ao longo do ano.
Em Serra Talhada, a Via Sacra do Bom Jesus: A Paixão de Cristo, com mais de 150 integrantes entre elenco e produção completa 10 anos. O secretário de Cultura, Anildomá William diz que o evento foi bancado pela Prefeitura, já que não houve aprovação do Edital pela Fundarpe. O diretor da Via Sacra, Alessandro Silva, destacou que esse ano o espetáculo acentuou comportamentos e questões sociais comuns à época em que Cristo viveu na terra.
Em Afogados da Ingazeira, depois de anos, a Paixão de Cristo saiu do calendário. A peça que era encenada pelo grupo Paixão de Cristo Paixão de Todos deixou de acontecer. A última encenação aconteceu em 29 de março do ano passado. Este ano houve na Praça Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara o filme “Jesus, o filho de Deus”, dentro da programação cultural da celebração da semana santa.
Já o espetáculo que aconteceu originalmente no entorno da Catedral e passou por Cine São José e outros espaços no centro da cidade, passou para o Centro Desportivo. A direção do espetáculo ficou nos últimos dois anos por conta de Edy Carlos Rodrigues, que também encenou o papel de Cristo, com formato musical e duração de uma hora.
Segundo Julival Mascarenhas, que integrou a coordenação do grupo nos últimos anos, alguns fatores determinaram a não realização do espetáculo. “Fiquei só. Havia pra mim divergência de horários para ensaios. Apresentei uma proposta mas houve divergência. Ainda teve o Edy Carlos que foi para o Recife. Ninguém quis assumir. Uma pessoa só assumir é muito trabalho”.
Ele também trouxe uma insatisfação do grupo com a divulgação ano passado como se o evento fosse organizado pela prefeitura e não apoiado por ela. “A Prefeitura colocou as chamadas como se fosse ela a organizadora, Isso chateou o grupo. Nossa ponte era César Tenório. Disseram que mudariam mas não mudaram”.