MPF diz que Silvio Pereira recebeu mais de R$ 1 milhão de investigados
O ex-secretário geral do PT Silvio Pereira recebeu, através de duas empresas, pelo menos R$ 1.125.531,7 de empreiteiras e intermediários de propina investigados pela Operação Lava Jato no esquema de corrupção da Petrobras. As informações estão em despacho do juiz Sérgio Moro que autorizou a prisão temporária de Pereira, efetivada nesta sexta-feira (1º) na 27ª fase da operação.
Dados apurados pela força-tarefa da Lava Jato apontam pagamentos feitos pela OAS, entre 2009 e 2011, que somam R$ 486.160. O dinheiro foi pago à empresa DNP Eventos Ltda, em que Silvio Pereira conta com 90% de participação no quadro social.
O juiz observa que os dirigentes da OAS foram condenados por corrupção de agentes daPetrobras e lavagem e dinheiro.
Já da UTC, os pagamentos foram menores, de R$ 22.533,50. O dono da empreiteira, Ricardo Pessoa, responde a ações no âmbito da Lava Jato e confessou os crimes em delação premiada.
“As duas empresas não aparentam ter estrutura compatível com o recebimento desses valores”, observou o juiz da Lava Jato na primeira instância. Além dos depósitos das empreiteiras, a DNP recebeu R$ 12.388,20 da empresa Treviso, controlada por Julio Gerin de Almeida Camargo, que também é delator do esquema.
Da Projetec Projetos e Tecnologias, controlada por outro delator – Augusto Ribeiro de Mendonça Neto – a DNP recebeu R$ 154 mil. Os dois colaboradores já foram condenados.
Já a Central de Eventos e Produções recebeu cerca de R$ 50 mil da empresa SP Terraplanagem, controlada por Adir Assad, também condenado por intermediar o pagamentos de propina no esquema da Petrobras. “Como foi reconhecido na sentença, Adir Assad utilizava diversas empresas de fachada, várias com o objeto social de terraplanagem, para intermediar essas propinas”, observou Moro.
A mesma empresa recebeu R$ 400.450 de Julio Cesar dos Santos e da TGS Consultoria e Assessoria. Júlio César dos Santos é réu na Operação Lava Jato, acusado de ser subordinado de José Dirceu na ocultação de patrimônio de origem ilícita usando a mesma TGS. O MPF observou que a Central de Eventos e Produções chegou a devolver R$ 170.120 para a TGS e Júlio César.
“Embora possam haver causas lícitas para esses pagamentos (…) repete-se um padrão, comumente verificado na assim denominada Operação Lava Jato, de recebimento de valores elevados a título de remuneração de prestação de serviços por empresas aparentemente sem estrutura para tanto”, considerou Moro.