Morre Dona Diná, pedaço da nossa identidade
Em Afogados da Ingazeira, luto com o falecimento de Dona Diná, responsável pelo Restaurante Bode Assado.
A identificação com a atividade era tamanha que os nomes de confundiram. Ela virou “Diná do Bode Assado”.
Venceu todas as dificuldades que viveu na criação da prole. Os filhos criaram identidade com nome, sobrenome e atividade conhecida, mas nunca deixaram de estar ligados à mãe, ganhando um sobrenome natural de “filho ou filha de Dona Diná”.
Até a manhã de hoje, quando seu coração parou de bater aos 72 anos, Dona Diná tinha orgulho do que seu espaço se tornou, uma referência gastronômica e cultural da nossa identidade sertaneja. Não foram poucos os famosos, simples, nativos ou de fora que visitaram seu espaço na entrada da cidade, saboreando não apenas seus pratos, mas sua simpatia, do tamanho do sabor de seu bode, único.
Afogadenses e até do entorno que, aperreados sobre como receber visitantes de fora, escapavam do desafio recorrendo ao seu espaço. Era apresentada como “a dona do melhor bode do Sertão”. E não decepcionava quem ousasse duvidar.
No meu caso, fica a gratidão pelo carinho sempre que, em meio a meu recolhimento natural quando não estou na Rádio Pajeú, achei algumas brechas para passar por lá. Sempre dizia me acompanhar na emissora mãe do Sertão e demonstrava felicidade com minha presença. Muitas outras vezes, os filhos davam notícias de que ela sempre me acompanhou na Pajeú.
Assim, para mim e tantos, a certeza das saudades do sorriso e dos pratos. Eu um você sentia o outro e vice-versa. Nós perdemos uma referência do que somos, na representação do bode da Dona Diná. Os filhos, claro, perderam muito, muito mais e a eles nossa força e fé. Vale celebrar o que ela foi e representou em vida para nossa terra e nossa gente.
Hoje não tem bode, guizado nem assado. Mas tem um “obrigado Dona Diná!!”