Dilma se diz injustiçada e diz que vai enfrentar agora “quarto turno” das eleições no Senado
Injustiçada e indignada. Foi assim que a presidente Dilma Rousseff resumiu seus sentimentos no fim da tarde desta segunda-feira (18), menos de um dia depois de a Câmara dos Deputados aprovar a admissibilidade do seu processo de impeachment. “Tenho ânimo, força e coragem suficiente. Não vou me abater. Vou continuar lutando como fiz ao longo de toda a minha vida. Não vão matar em mim a esperança”, disse.
“Eu me sinto injustiçada. Injustiçada porque considero que esse processo é um processo que não tem base de sustentação. A injustiça sempre ocorre quando se esmaga o processo de defesa, mas também quando de uma forma absurda se acusa alguém por algo, primeiro que não é crime, e segundo acusa e ninguém se refere a qual é o problema. Eu assisti ao longo da noite de ontem a todas as intervenções, e não vi uma discussão sobre o crime de responsabilidade que é a única maneira de se julgar um presidente da República no Brasil”, afirmou a presidente, que voltou a reclamar sobre o que chama de falta de crime de responsabilidade.
“Eu não os fiz ilegalmente (sobre as chamadas peladadas fiscais), não cometi os atos beseados em ilegalidade. Tenho certeza que todos sabem que é assim. Além disso, é muito interessante que contra mim não há acusação de enriquecimento ilícito. Por isso, me sinto injustiçada, porque aqueles que praticaram atos ilícitos e têm contas no exterior presidem a sessão e conduzem sessões importantes como a do impeachment de um presidente da República”, disse, se referindo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No domingo (17), 367 deputados federais votaram a favor do prosseguimento do processo de impeachment contra a presidente (eram necessários 342 votos para que o processo de impeachment fosse enviado ao Senado).
“É estarrecedor que um vice-presidente no exercício do seu mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitado porque a sociedade humana não gosta de traidores”, completou, se referindo a Michel Temer, do PMDB, partido que debandou do governo há cerca de 20 dias.
Ao longo desta segunda, lideranças do PT e de partidos aliados deram declarações afirmando que a presidente não estava abatida com o resultado adverso.
Dilma disse que a ditadura é um milhão de vezes pior. “Porque não há liberdades. É o pior dos mundos. A democracia pode não ser perfeita mas ainda é o melhor regime que nós construímos. Uma violenta à sociedade como um todo. A outra, se não barrada, violenta também”.
Sobre convocação de eleições gerais, Dilma disse não descarta. “Jamais podemos aceitar é que o cumprimento da legalidade não se dê no processo. Todas as outras alternativa podem ser avaliadas, mas não estou considerando esta agora”.
Dilma afirmou que os ministros que não votaram no Governo não farão mais parte da gestão por questão óbvia. “Difícil seria o contrário”. Sobre ingressar com ação no STF. “Não abrimos mão de nenhum instrumento da democracia. Se trata de mecanismo de defesa”. Sobre a relação com o Senado, disse já ter conversado hoje com Renan Calheiros. “Teremos com Senadores relação totalmente diferente com a da Câmara”.
“O Presidente Lula de fato em me ajudado muito. Disse esperar que seja autorizada esta semana a vinda dele para a Casa Civil ainda esta semana. Certamente ele virá. Somos companheiros especiais. trabalhamos juntos durante sete anos diuturnamente”.
Reformas: “Será necessário um grande rearranjo do governo. Um novo governo. Já enfrentei o terceiro e agora vou pro quarto turno. Depois do quarto turno, além das medidas que já nunciamos anunciaremos outras”.