Coluna do Domingão
Pra onde vai o Brasil?
Não chegamos sequer a uma ano e meio do governo do presidente Jair Bolsonaro e já são colecionados tantos episódios de ruptura na sua própria base que a oposição a seu governo pouco fez a não ser assistir de camarote um desmanche único na história da república.
Sem recorrer a dados matemáticos, para exercitar a mente, o presidente já rompeu com a maioria da sua base ideológica. Antes da posse, Magno Malta (lembra dele?) foi escanteado. Só do núcleo duro, brigou com Luciano Bivar e todo o PSL, Gustavo Bebiano, seu braço direito na campanha, Joyce Hasselman, Janaína Pascoal, Santos Cruz, Alexandre Frota, Kim Kataguiri, mais uma penca de aliados.
Todos saíram relatando que Jair tem um comportamento patológico, não confiando em ninguém além dos filhos e do próprio espelho. Ministros, foram oito. Os dois últimos com maior repercussão.
Em uma semana, Luiz Henrique Mandetta, com avaliação positiva na Saúde e agora, Sérgio Moro, o que dividiu mais ainda o que resta da base bolsonarista por sua imagem de caçador de corruptos.
Mais que a saída, pesa a motivação, de tentativa do presidente de interferir na Polícia Federal, no encalço do filho Carlos Bolsonaro.
Os desdobramentos, pelo já conhecido modus operanti de soltar provas a conta gotas, farão os próximos dias imprevisíveis.
No balaio, a dúvida sobre a possibilidade de que “a próxima vítima” venha a ser o Ministro da Economia, Paulo Guedes, piorando o já complexo momento econômico do país e afastando a retomada e apoio do mercado. E uma aproximação com o Centrão, o que todo bolsonarista sangue puro sempre condenou.
Bolsonaro perdeu muito com essa última tacada. Claro, restam os que são convictos de que, apesar de tudo, não há nada. Que o presidente é alvo de uma grande conspiração, apesar das evidências que vem do seu próprio ninho.
Uma constatação é a de que a direita no país pode estar perdendo uma grande oportunidade de consolidar um projeto de poder maior que o ciclo do PT, interrompido com o impeachment de Dilma Rousseff e as denúncias de corrupção.
Nesse caso, o problema não é necessariamente o modelo, mas a falta de capacidade de quem o implementa. Há outros nomes alinhados com o conservadorismo e liberalismo que estariam muito bem avaliados, conduzindo as agendas aprovadas pela maioria do eleitorado em 2018 e liderando o país.
Ao contrário, Bolsonaro vai empurrando a visão desse projeto para o descrédito da opinião pública que não tinha formação de direita mas acreditou, determinando sua eleição . Muitos apostaram e já se arrependem.
E o pior, não há sinalização de que haja condições de uma melhora no cenário pelo perfil de quem está na cadeira. Parece o começo do fim de um ciclo. Quem sair por último, apague a luz.
Marcílio com Aldo
Depois de Tea Da Damol, Djalma das Almofadas, Kleber Paulino, Eraldo Moura e Mário Amaral, agora o vereador Marcílio Pires apoia Aldo Santana pra vice na chapa governista.
Aprendeu com Bozó
A história do sorteio que Bolsonaro propôs a Moro para escolha do Superintendente da PF lembrou a polêmica da escolha da presidência da Câmara de Afogados. Em 2008, com o impasse entre Erickson Torres e Zé Negão, o segundo propôs um sorteio. Erickson discordou e ainda saiu dizendo que Zé queria decidir algo tão sério no jogo. O apelidou de “Zé Bozó”.
Largou x ficou
A saída de Moro foi a gota d’água para Toninho Valadares, um dos principais apoiadores de Bolsonaro em 2018 em Afogados. “Votei nele pra ser um estadista e liderar o país, não pra isso”. Já em Serra Talhada, João Daniel, da Cedan Rações, cotado para ser candidato a prefeito, continua 100% fiel ao capitão.
Vinho e queijo na merenda?
Aliados de Madalena Brito guardam para atacar Zeca Cavalcanti uma NF de uma compra no Atakadão na então gestão do petebista em dezembro de 2011. Paga como se fosse só merenda escolar, tinha caixas de Quinta do Morgado, chocolates e queijo do reino Piracajuba.
Adesivos correm trecho
Em outubro do ano passado, o Delegado Cláudio Castro já havia negado interesse em disputar a vice em uma chapa encabeçada pelo Desembargador Cláudio Nogueira. Mas adesivos como esse continuam circulando. Diz que com eles, “Afogados tem jeito”.
Barreiras e termômetro
Serra Talhada é em paralelo à preocupação com a Covid-19 o município cujas medidas tem gerado mais debate. Primeiro, as vias interditadas para forçar a passagem pelas barreiras sanitárias. Depois, a determinação de que consumidor com febre não entra em espaço públicos.
Frase da semana: “Prezada, não estou a venda”. De Sérgio Moro a Carla Zambelli, ao receber a proposta de aceitar a mudança na PF para ganhar vaga no STF.