Pedido de prisão de Pezão cita bilhetes e escuta
G1
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Felix Fischer suspendeu neste sábado (1º) o sigilo do pedido de prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. O magistrado atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República. O pedido cita bilhetes e uma conversa telefônica gravada.
Pezão foi preso na quinta-feira (29)na Operação Boca de Lobo, um desdobramento da Lava Jato. Ele foi o primeiro governador do estado preso no exercício do mandato. O vice-governador, Francisco Dornelles, assumiu o governo interinamente.
Além dos motivos que levaram à prisão do governador, o pedido de prisão traz 25 bilhetes em que o nome de Pezão e codinomes relacionados a ele aparecem ao lado de valores, que, somados, ultrapassam R$ 2,2 milhões.
O documento também traz a transcrição de uma conversa telefônica em que Pezão foi gravado.
Na conversa, Pezão é comunicado por um político do Rio de Janeiro que, durante uma inspeção do Ministério Público Estadual no presídio de Bangu 8 no dia 24 de julho deste ano, o ex-governador Sérgio Cabral não atendeu a uma ordem de ficar de frente para a parede. Cabral se negou e disse que era detento e não preso.
Os promotores, então, chamaram a polícia e Sérgio Cabral foi conduzido para uma outra cela. Esse político ligou para Pezão e contou o ocorrido. Pezão, então, perguntou em que poderia ajudar:
Pezão: “O que é que posso, o que você acha que posso fazer aí, o que dá pra gente fazer?”
Interlocutor: “Ô, governador, acho que talvez falar com o diretor aqui vê se, assim…”
Pezão: “Tá.”
No fim da conversa, Pezão conclui: “Vou entrar no circuito, tá bom?”.
A conversa é apontada pelos investigadores como mais um indício de que as atuais ligações de Pezão com a organização criminosa seguem ativas ainda hoje.