Fim das lojas Jurandir Pires fecha um ciclo histórico que começou no Pajeú
Em Recife, repercute o fechamento das tradicionais lojas Jurandir Pires Galdino.
O fechamento foi confirmado pelo herdeiro, Jurandir Filho, o Jota, herdeiro do conglomerado especializado por cama, mesa e banho que durou mais de 60 anos.
“Hoje fecha a última unidade da Jurandir Pires. Em nome de meu pai e minha mãe, queremos agradecer a todos pelos 60 anos de existência. A todos os clientes, fornecedores, governo federal e governo estadual. Todos os funcionários serão pagos (já com recurso em conta-corrente), governos e fornecedores. Tudo tem um ciclo onde começa e acaba. O nome Jurandir Pires é muito forte, tendo assim a sabedoria de ter colaborado com empregos”, escreveu Jurandir Filho, herdeiro da companhia que Jurandir e Inês Pires fundaram em Afogados da Ingazeira, em 1963. Ele garantiu quitar os débitos trabalhistas.
Jurandir Pires virou uma marca no segmento de varejo para gestantes e bebês. A empresa expandiu os negócios para cama, mesa e banho e sua loja na Rua das Calçadas, 167, virou uma referência nesse nicho. A loja teve sua primeira filial na Rua do Livramento, até que chegou ao Shopping Recife, atendendo a um convite do empreendimento.
A loja do mall levou a companhia a abrir uma nova unidade no Salvador Shopping, do Grupo JCPM, que revolucionou o mercado local pelo modelo e amplitude do número de itens do negócio.
A partir dessa unidade, vieram as lojas de João Pessoa, na Paraíba; Aracaju, no Sergipe; e a ampliação no Recife, uma delas na Ilha do Retiro, em frente à sede do Sport.
Ligação com o Pajeú: a empresa fundada pelo empresário Jurandir Pires, natural de Tabira e quarto filho de oito irmãos. Após perder o pai, Jurandir começou a trabalhar aos nove anos com a avó, entregando leite com a ajuda de um jumento.
Ele mudou-se para Afogados da Ingazeira quando tinha apenas 12 anos e, com o tio, trabalhou em uma mercearia, vendendo no balcão. Era o início de uma história de sucesso, dedicação e muito trabalho.
Uma curiosidade é que as Casas Jurandir Pires exclusivamente em Recife nasceram de uma ruptura entre ele e o irmão Horácio Pires.
A Firma Jurandir Pires Galdino e Cia, em Afogados da Ingazeira, foi administrada pelos irmãos sócios até 1970, quando Jurandir se mudou definitivamente para o Recife.
Em 1982, numa das viagens de Horácio à capital pernambucana, Jurandir indagou ao irmão sobre uma nota que havia saído no Diário de Pernambuco dizendo que o empresário Horácio Pires seria um dos prováveis candidatos a prefeito de Afogados da Ingazeira, o que não agradara ao sócio majoritário. Horácio, então, lhe disse que foi uma nota não autorizada, mas que não havia dado atenção, no que Jurandir lhe disse que se ele entrasse na política, a sociedade seria desfeita.
Em vista da impulsividade, Horácio retrucou imediatamente, respondendo que “a sociedade estava desfeita a partir daquele momento”, no que o irmão tentou acalmar os ânimos, mas ele não voltou atrás. As lojas de Afogados da Ingazeira ficaram com Horácio e as do Recife com Jurandir.