O blog e a história: Anchieta Patriota e a candidatura em que perdeu, mas ganhou
Por um bom tempo, o prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota foi tido como preferido, o querido, próximo dos grandes líderes do PSB.
Meu último encontro com Miguel Arraes é prova disso. Nas eleições de 2004, Arraes esteve em agenda no Pajeú e a noite, recebeu no restaurante da Pousada de Brotas Anchieta Patriota.
Lembro bem da conversa. Empolgado, Anchieta foi contra a Arraes de um projeto de beneficiamento de caju para doces e sucos. Arraes ficou desconfiado. Com a tradicional voz pigarreada, disse que não conhecia as propriedades do cajú e seus benefícios. Quis com suas palavras desqualificar o cajú. “Não sei pra que serve”. Mas muito atencioso, gravou mensagem para a campanha do socialista. Foi na eleição em que ele bateu José Francisco Filho com 5.043 votos contra 4.051 do então peemedebista. A força de Arraes foi importante em sua eleição.
No mesmo encontro, perguntaram se gravaria para Totonho. Disse que não sem conversar com o político. “Não conversei como Toninho, não sei o que vou falar de Totonho “, disse. É só um exemplo de que Anchieta teve uma atenção de nomes como Arraes e Eduardo.
E isso para muitos sempre foi explicado pelo sacrifício a que Anchieta se submeteu pelo partido. Em 2002 entrou em uma disputa política, sem qualquer possibilidade eleitoral, como candidato a vice governador na chapa encabeçada pelo engenheiro, ex-presidente da Chesf, Dilton da Conti. Aquela disputa foi marcada pela reeleição de Jarbas Vasconcelos. Favorito, bateu o nome mais forte da oposição, Humberto Costa, por quase um milhão de votos no primeiro turno. Arraes, que perdera para o próprio Jarbas quatro anos antes, decidiu puxar votos para montagem de uma boa bancada federal socialista.
A chapa para governador era pra marcar posição. Curioso era que o candidato a presidente era Anthony Garotinho, ele mesmo, hoje , depois de atolado em corrupção, é um solto-preso-preso-solto da política nacional. Era engraçado ver Garotinho, comunicador nato, gravando para o Dilton da Conti. Com braços falando mais que os lábios bradava: “ajudem o Dilton da Conti a ser governador de Pernambuco “. E ele , Dilton, estático, tal qual Boneco de Olinda no depósito.
Era necessário um nome do interior para compor a chapa. E Anchieta foi pro sacrifício, pelo partido. Eduardo Campos ganhou quatro anos depois e sempre lembrou o gesto de Anchieta. Naquela eleição, Dilton e Anchieta obtiveram 128.814 votos, ou 3,77%. Anchieta perdeu, mas politicamente, ganhou.