Novas manifestações no país acendem sinal de alerta para o governo
Na semana em que todas as atenções das autoridades públicas estavam voltadas para o recente fenômeno dos rolezinhos promovidos por jovens em várias localidades do país, manifestações populares com o mote “Não vai ter Copa” ocorreram em pelo menos em sete capitais brasileiras e no Distrito Federal. Em grande parte das cidades, os protestos não conseguiram mobilizar um grande número de pessoas e ocorreram de maneira pacífica. Em São Paulo, foi diferente.
O ato, que reuniu 1,5 mil manifestantes na Avenida Paulista no dia do aniversário dos 460 anos da cidade, acabou com cenas de violência. Um jovem de 22 anos foi baleado por policiais militares. O caso acende o alerta diante da possibilidade de recrudescimento das manifestações que sacudiram o Brasil em junho do ano passado. Os governos federal e de São Paulo já intensificaram o monitoramento de novos protestos, e os centros de inteligência passarão a dedicar mais tempo ao tema, em especial aos black blocs.
Fabrício Fonseca, integrante do grupo black bloc, segundo a Polícia Militar, levou dois tiros após ser abordado por três policiais, na noite de sábado, no bairro de Higienópolis. O estado de saúde de Fabrício é considerado grave. Ele permanece internado na Santa Casa de São Paulo, no bairro Santa Cecília. Até o fechamento desta edição, continuava em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O hospital informou que um dos tiros atingiu o tórax e outro o pênis da vítima. Fabrício foi submetido a cirurgia. Um dos testículos precisou ser removido diante da gravidade dos ferimentos.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu ontem a conduta da Polícia Militar. “A população de São Paulo não aceita isso (protestos violentos), e a polícia agiu firmemente no sentido de evitar uma tragédia na Praça da República, porque estava tendo uma apresentação, um show com muitas crianças, famílias e idosos”, disse. (Correio Braziliense)