Coluna do Domingão
A culpa é do jornalismo ?
Quando eu me descobri no jornalismo, com o conhecimento que tinha do abismo social nesse país, tendo sendo em uma janela da vida vítima dele, das injustiças, de perceber o quanto a política tradicional tem se afastado das soluções e se aproximado às causas, decidi, também alicerçado por minha visão de mundo, a não negociar posições.
Jovem pobre, vindo do movimento popular, sempre enxerguei os espaços que ocupei como fruto de empoderamento da sociedade. É como se ela, a sociedade, dissesse: “nós queremos que você ocupe esses espaços para ser nossa voz nas demandas pontuais e comuns”. E assim tem sido, claro, com minhas virtudes e defeitos. Nunca deixei de tratar determinado tema, quando necessário e justo para a população, por que feriria interesses. Claro, isso só foi possível porque encontrei na Rádio Pajeú uma condição perfeita para independência editorial e princípios que também são meus.
Outra máxima editorial: decisão da justiça, do TCE, do TRE, do TCU, do “T” que for, recomendação do MPC, MP, tudo sai no blog. Isso não tem relação alguma com ter ou não parceria institucional com o blog. Aliás, elas devem existir justamente sob a ótica de que ações e serviços das instituições, sejam prefeituras, Câmaras, órgãos estaduais ou federais certamente ganham mais capilaridade e repercussão em um veículo com reconhecido respeito e credibilidade junto aos leitores e veículos que reproduzem nossos conteúdos, como rádios e TVs.
Mas não é fácil exercer esse papel em um universo onde parte dos que detém o poder de informar invertem essa ordem. O veículo não serve ao jornalismo, mas aos interesses que acabam jogando por terra essa tão sublime missão de informar com respeito e responsabilidade. Uma frase da série canadense Anne with an E conseguiu me ajudar na definição do papel que desempenhamos ou que deveríamos todos desempenhar. “Jornalismo de verdade deve defender aqueles que não possuem voz, não calá-los ainda mais”. Outra excelente definição, de 1918, mas muito atual 116 anis depois, erroneamente atribuída a George Orwell ou William Randolph Hearst e de autoria desconhecida diz: “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”.
Essa semana vivi dois exemplos, ao tratar de temas dos quais a opinião pública quer ou precisa saber, mesmo que atinja interesses ou tenham gerado críticas ao blog, na velha tática de desqualificar o emissário ignorando a seriedade e solidez jornalística da mensagem, algo típico no bolsonarismo.
Em Arcoverde, debater o aumento aprovado para prefeito, vice e vereadores a partir de 2025 deu algum trabalho. Aparentemente, por duas situações: uma, a cultura encontrada em parte do meio, onde ou se está ao lado do prefeito eleito, Zeca Cavalcanti, ou da ex-prefeita Madalena Britto. Assim como era difícil lidar com questionamentos do bloco vermelho na divulgação das pesquisas do Instituto Múltipla, que se mostraram certeiras, cravando o resultado ao final, tratar do tema do aumento e trazendo novo elemento, a informação de que ele será questionado por órgãos como o Ministério Público de Contas por ferir o princípio da impessoalidade, não agradou parte do entorno do futuro mandatário arcoverdense. Registre-se, Zeca pessoalmente não se manifestou. Mas parte do seu entorno, sim.
Em Sertânia, a prefeita eleita Pollyana Abreu usou o artifício de desqualificar quem buscou fazer jornalismo divulgando a cassação dos seus direitos políticos e registro. Em uma rede social disse, para acalmar seus aliados, disse que “o que tem muito é mídia de blog que quer se promover”. Era como se a responsabilidade fosse de quem publicou, e não de quem tomou a decisão após parecer do Ministério Público. Claro, ninguém imaginaria Pollyana atacando o juiz com a frase: “o que tem muito é decisão de juiz que quer se promover”. Para embasar sua narrativa, atacou quem noticiou o fato.
Os novos gestores em todo o estado têm tudo para fazer bons governos, dada a vontade de fazer diferente. Mas vai ser muito bom se absorverem a importância de uma imprensa livre e independente. Da mesma forma, que jornalistas e blogueiros entendam cada vez mais a força e o papel que tem na sociedade, muito maior que qualquer outro interesse. Ao contrário do que alguns possam imaginar, essa postura pode seguir dando protagonismo, relevância social, sem perder o espaço de sobrevivência econômica.
Daqui, a ideia é seguir fazendo jornalismo, enquanto no Brasil, ao menos na legislação, essa disposição ainda não seja crime…
A culpa condena
Em um artigo a ser publicado hoje pelo blog, o médico petista candidato a vice, Orestes Neves, diz que Polyana Abreu admitiu os crimes de abuso de poder econômico que fizeram ter seu registro cassado. Ao ser indagada na Itapuama FM, confirmou que doou brindes e patrocinou eventos e atividades mencionadas na ação de cassação, o que em seguida foi negado, por seu indicado para chefe de gabinete, o advogado Celestino Barros.
Se fez Ângelo fez, que Ângelo pague
A prefeita eleita de Sertânia disse que também que acionou o prefeito Ângelo Ferreira por uso da máquina pública em favor da candidata Rita Rodrigues, o que se também configurado, é crime. Aliados da tucana dizem que os elementos de prova são robustos de que Ferreira maquinou pró Rita. E ainda assim, perdeu.
Aprovadas
As contas eleitorais do ano de 2024 de Luciano Torres e Djalma do Minadouro foram aprovadas pelo juiz eleitoral João Paulo dos Santos Lima. A notícia foi comemorada pela chapa reeleita e pelo Coordenador Jurídico da Campanha, o advogado Antônio de Pádua.
Bicho de sorte
Em Tabira, Flávio Marques tem intensificado as articulações em torno dos seus primeiros cem dias de gestão. Está aproveitando ao máximo a articulação com Carlos Veras para emplacar as primeiras ações, vendo a montagem do secretariado e tendo sorte, muita sorte, como no timing do início da estrada Tabira-Água Branca.
A hora da verdade
A Ação de Investigação Eleitoral da coligação União Pelo Povo, contra a Frente Popular, por abuso de poder econômico e político por parte dos candidatos, pedindo a cassação de registro de Sandrinho Palmeira e Daniel Valadares, esta prestes a sair, pelo que apurou o blog. A ação é a que cita uso de ônibus escolares e de servidores públicos em atos políticos. À época, a Frente Popular chamou a ação de “factoide”. Se foi ou não, está perto de saber.
Prato que se come frio
Depois de Sebastião Oliveira enfiar goela abaixo o nome de Faeca Melo para vice de Márcia Conrado, aliados da prefeita dizem que não apoiá-lo em 2026 e pedir votos para Breno Araújo seria a vingança perfeita. Será admitiu ao Farol de Notícias não ter amarrado apoio de Conrado à sua candidatura, na arrumação que uniu os dois politicamente.
Só precisa copiar e colar
O blog apurou que o Ministério Público de Contas deve emitir recomendação à Câmara de Arcoverde para suspender a votação do aumento dos salários de prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores. Isso porque aprovar já sabendo os eleitos que se beneficiarão da medida fere o princípio da impessoalidade.
A grande família
Em Timbaúba foi pior: a Câmara aprovou, em primeira votação, os salários do prefeito Marinaldo Rosendo (PP), do vice-prefeito e dos vereadores. Detalhe: a presidente da Câmara, Marileide Rosendo, é irmã do prefeito. O MPC-PE caiu com os dois pés contra a aberração.
Declaração semana:
“A tentativa de qualquer atentado contra o Estado de Direito já é, em si, criminalizada, de modo que já é um crime consumado. Até porque quando se faz o atentado contra o Estado de Direito e ele se consuma, já não mais existe. É óbvio que o que se pune é a própria tentativa de atentar contra o Estado de Direito“.
Do Ministro Gilmar Mendes, explicando a punição aos que queriam dar golpe, matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.