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“Não há nada mais essencial do que a vida”, diz médico Matheus Quidute

Publicado em Notícias por em 24 de março de 2021

Médico afogadense que atua no Recife confirmou que a internação em estado grave de pessoas jovens tem se tornado uma realidade constante. 

Por André Luis

Nesta quarta-feira (24), o médico afogadense, Matheus Quidute, voltou a falar ao programa A Tarde é Sua da Rádio Pajeú, sobre a situação da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Hoje, o jovem médico, atende nos hospitais Santa Joana, Esperança e Português. Todos na capital pernambucana. Concluiu a residência em Clínica Médica e a sua atuação na linha de frente desde o início da pandemia, lhe despertou interesse na área de Pneumologia, especialidade que está fazendo residência no Hospital das Clínicas (HC).

Matheus disse parecer que estamos vivendo um “péssimo Déjà vu, onde está vindo tudo à tona novamente e de uma forma mais grave mais caótica e mais triste. Pensamos que com o início da vacinação estaríamos nos libertando disso, normalizando nossa rotina, devolvendo esperança as pessoas…”, afirmou. 

Para o médico, o problema se torna ainda mais grave pelo fato de ser sistêmico, afetando não somente a saúde, mas diversas outras áreas. “As medidas restritivas acabam interferindo em vários setores da sociedade. E paralelo a isso temos que criar forças para tolerar, erguer a cabeça diante de tantas perdas, de tantos traumas que ficaram e se reinventar no dia a dia nas UTIS para dar uma qualidade de assistência às pessoas e dar um pouco de esperança diante de tanta gravidade”, desabafou.

Matheus relatou que durante o plantão do último final de semana recebeu dez leitos para atender. “Os dez estavam intubados. De todas as idades. Do jovem ao idoso. É muito triste estar vivendo isso novamente”, relatou. 

O médico confirmou que o número de jovens internados em estado grave tem aumentado cada vez mais. Para ele a vacinação em grupos prioritários, como os idosos, pode explicar este fenômeno.

Falando sobre as medidas restritivas mais duras tomadas por doze municípios do Pajeú mais Sertânia no Moxotó, Matheus disse ser uma decisão delicada e que mexe com vários interesses, mas que para o momento é uma decisão necessária. “É o ideal? Não é! Mas é o que pode controlar e evitar que um familiar seu se contamine, precise do sistema de saúde e não tenha acesso”, afirmou.

O colapso no sistema de saúde, é, inclusive, o maior medo do jovem médico. “ O maior medo hoje, é ter um paciente na minha frente e não ter oxigênio para ofertar, tubo e medicação para sedar e intubar e não ter o cateter central para fazer o acesso da medicação. Eu acho que deveria ser o medo de todo mundo. Se colocar no lugar do outro e ver que tem pessoas já passando por isso no país, tem sete estados brasileiros com início de falta de oxigênio. As pessoas estão morrendo desta forma que eu estou falando. Não é talvez vá acontecer, já está acontecendo”, alertou.

Matheus criticou o protesto realizado por setores do comércio nesta terça-feira (23), em Afogados, contra o fechamento. Ele disse entender, mas achou o momento inoportuno. “Porque não protestaram antes, cobrando as vacinas. Acho que o momento não foi oportuno. O momento tinha que ter sido lá atrás e não para cobrar que não feche, mas sim para cobrar vacinas”, destacou.

Matheus relatou que já atendeu vários pacientes que no momento que ficam sabendo que irão ser intubados se arrependem de não ter tomado os devidos cuidados.

Ele ainda aproveitou para prestar homenagens às vítimas da Covid-19 no município. “Para estas pessoas que ainda estão contestando essas medidas restritivas, necessárias neste momento. Em nome de dona Ilda (a professora aposentada Josailda Rodrigues de Siqueira, de 73 anos, mãe do fisioterapeuta e odontólogo Henrique Ézio e do empresário Danilo Siqueira, o Danilo da Gráfica Asa Branca) e das outras 37 vidas perdidas em Afogados da Ingazeira. Não há nada mais essencial do que a vida”, pontuou.

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