Fé em São José: Apac prevê chuva no Sertão
Do JC On Line
A crença católica declama que chuva no Dia de São José, celebrado nesta quarta-feira, prenuncia índices melhores de precipitação ao longo do ano. Até a noite, a previsão da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) é a ocorrência de chuvas rápidas com intensidade fraca em algumas cidades do Sertão e do Agreste, que são as mais castigadas pela estiagem. Pela primeira vez, nos últimos dois anos, municípios sertanejos devem registrar precipitações dentro da média para os meses de março a maio.
“Para esses três meses, são esperados cerca de 350 milímetros de chuva para a região, o que já ameniza a situação em relação a 2013, quando foi registrado um volume 25% menor”, diz o gerente de meteorologia e mudanças climáticas da Apac, Patrice Oliveira. Ainda assim, essa previsão não é o suficiente para tirar da situação de emergência 257.491 famílias afetadas pela estiagem em 56 cidades do Sertão e 68 do Agreste.
“Como são localidades que passaram por uma das maiores secas em dois anos consecutivos, seria necessário um período grande com precipitações bem acima da média dar trégua na calamidade”, acrescenta Patrice. De qualquer maneira, a tímida incidência de chuvas desde fevereiro conseguiu tirar do colapso total dois municípios do Sertão, segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).
Em Brejinho, cuja realidade era de intenso colapso de abastecimento há nove meses, a Barragem de Serraria, que estava totalmente seca, conseguiu acumular 10% de sua capacidade. “Isso garante o abastecimento com rodízio por até mais quatro meses”, garante o diretor do Sertão da Compesa, Fernando Lôbo. A outra cidade onde a situação se tornou mais amena foi Betânia, que contou com elevação do nível do lençol freático. Isso permitiu que a água voltasse a ser captada por poços. Para Fernando, esse cenário menos perverso favorece ainda quem tem pequenos barreiros.
Para melhorar a situação do Sertão mesmo com a acanhada precipitação prevista, a Compesa também investe em fontes hídricas para evitar o desabastecimento de Arcoverde e arredores. A obra inclui a perfuração de dois novos poços, ampliação da produção dos três já existentes na região e de quatro estações elevatórias, além da implantação de 74 quilômetros de adutoras. O projeto, orçado em R$ 15 milhões, tem previsão de conclusão para março deste ano.
“A situação do Sertão só não é mais otimista porque, no dia de hoje, a região como um todo está com precipitações entre 30% e 40% abaixo da média”, avisa o meteorologista da Apac Flaviano Fernandes. Ele salienta que é importante não perder o otimismo porque restam alguns dias de período chuvoso nas cidades sertanejas para se aguardar um maior volume de chuvas. O cenário do Agreste, de acordo com a Apac, também intriga porque a região não tem grandes mananciais. “Os municípios que enfrentam maiores contratempos são Brejo da Madre de Deus e Jataúba”, informa Patrice Oliveira.
Ainda no Agreste, a população de Bom Conselho, onde há 18.704 pessoas afetadas pela seca, espera um maior volume de chuvas para tirar maior proveito do Programa Terra Pronta e Distribuição de Sementes, lançado na cidade no último dia 13 pelo Governo do Estado. A ação, que recebeu investimentos de R$ 7,62 milhões, beneficiará mais de 130 mil agricultores no Estado. Além de garantir o preparo do solo, o programa assegura a distribuição de sementes de milho e feijão.