Cubano vaiado em Fortaleza atende índios com tradução de enfermeira
![Juan Delgado ao ser hostilizado por colegas brasileiros (à esq.) e ao receber desculpas de Dilma](https://i1.wp.com/nilljunior.com.br//wp-content/uploads/2013/12/chamadas-retro-cubano-1386966171054_615x300-600x292.jpg?resize=480%2C234)
Juan Delgado ao ser hostilizado por colegas brasileiros (à esq.) e ao receber desculpas de Dilma
Vaiado logo depois de desembarcar no Brasil no final de agosto, o médico cubano Juan Delgado declarou que não entendia a hostilidade, pois ele e os colegas vinham para ocupar lugares onde os médicos locais não queriam ir e que não tirariam o emprego de ninguém.
Quatro meses se passaram desde o incidente e agora Delgado está morando em Zé Doca, pequeno município do Maranhão. De lá, a cada dia vai visitar um dos vários distritos sanitários indígenas espalhados pela região. Ele conta com a ajuda de uma enfermeira que “traduz” os problemas trazidos pelos índios. “É muito interessante trabalhar com a comunidade indígena. A comunicação é complicada, mas as enfermeiras me ajudam”.
Especializado em clínica geral e atuando há 19 anos, ele confessa o que pensou ao passar pelo que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chamou de “corredor polonês da xenofobia”: “Eu me senti muito perdido, pois nunca havia passado por algo assim na vida. No meu país, isso não acontece”.
Ao ser questionado se pensou em desistir, ele diz que não: “Naquele momento era uma minoria. Eles me chamaram de escravo, mas não me importei. A escravidão foi abolida em Cuba em 1868, não somos nem temos escravos por lá”. (Uol)