PT formaliza candidatura de Dilma à reeleição
do O Globo
Sem a presença do PR, que defendeu esta semana o “Volta, Lula”, a cerimônia de abertura do 14º Encontro Nacional do PT, no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo, se transformou ontem em ato para tentar conter o movimento pela volta do ex-presidente e apoiar a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff. Da plateia às autoridades no palco, as palavras foram de elogios à presidente, que enfrenta o momento político mais delicado de seu governo, com queda de popularidade registrada nas pesquisas.
Em votação simbólica puxada pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, Dilma teve sua pré-candidatura formalizada no evento. Para os militantes, Falcão explicou que não há este ano “tarefa mais importante do que obter nas urnas um segundo mandato para a companheira Dilma”. Lula, que discursou após Falcão, também fez questão de reafirmar seu apoio à candidatura à reeleição de Dilma:
“Foi importante o Rui Falcão colocar aqui a Dilma como pré-candidata. Vamos parar de imaginar que existe outro candidato que não a Dilma, os adversários tiram proveito disso”, afirmou Lula.
Segundo o ex-presidente, “nós estamos com o jogo mais ou menos garantido, mas não podemos entrar de sapato alto”.
O ex-presidente elogiou o discurso de Dilma da última quarta-feira, em comemoração ao 1º de Maio, quando ela anunciou o reajuste da tabela do Imposto de Renda e do Bolsa Família. Nesse pronunciamento, Dilma também atacou os partidos de oposição — o que levou os seus principais adversários na disputa pelo Planalto, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), a acusarem-na de usar a cadeia nacional de TV e rádio com fins eleitorais.
A presidente, que discursou durante 58 minutos, 23 a mais do que Lula, acrescentou que recebia a “missão honrosa, desafiadora, de ser a pré-candidata do PT à Presidência”. E, em relação à campanha, disse que “o Brasil não vai voltar no tempo porque o povo não vai deixar”.
“O rancor que os saudosistas do passado e uma certa elite têm de nós provém do nosso êxito e da nossa visão de Brasil, e não do fracasso pelo qual eles tanto torceram e torcem. Esse é um Brasil que não aceita retrocessos, mesmo que venham travestidos de novidade, da estranha novidade de medidas que se denominam impopulares e que, na verdade, são antipopulares. Vivemos um tempo estranho e temos que ficar atentos. Um tempo em que aqueles que até ontem não tinham a menor sensibilidade pela questão social se apresentam como paladinos da questão social. O Brasil não vai voltar no tempo, porque o povo não vai deixar”, disse Dilma, no trecho final de seu discurso.