Escolas integrais na agenda de Paulo Câmara
do JC Online
Na lista de propostas que já formigam na pré-campanha de Paulo Câmara, a ampliação da rede integral tem fôlego para ganhar destaque. Possui apelo de guia eleitoral e consegue se alinhar a outras ideias estruturadoras, mas que por serem muito técnicas perdem vez no corpo a corpo com o eleitor.
Uma das ações mais profundas é iniciar uma mudança na grade curricular. Trabalho de longo prazo, a questão é ponto central no debate de especialistas no Brasil e no mundo sobre o nível “enciclopédico” do ensino brasileiro.
A transformação seria acompanhada da cobrança de melhor desempenho dos estudantes e, principalmente no ensino médio, direcionamento dos alunos às suas vocações. Um programa de qualificação dos professores para essa nova grade, seguido de modelo de avaliação por meritocracia com ganhos nos contracheques, seria complementar à ação.
Mesmo alardeando os avanços no número de escolas integrais no governo Eduardo Campos, Paulo Câmara reconhece a necessidade de “ampliar a capacidade do aprendizado, a qualidade do ensino”. Mira diretamente o desempenho frustrante no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Precisamos aumentar essas notas”, sacramentou. Para 2015, primeiro ano do próximo governante, a meta projetada é 3,6.
Como secretário da Fazenda, Câmara sentiu a pressão que o reajuste no salário dos 52 mil professores provoca nas contas estaduais. Agora como pré-candidato, afirmou que o aumento nos vencimentos precisa ser “prioridade”. “Os professores tiveram um salário que melhorou muito nos últimos sete anos, por que era muito ruim quando nós entramos. Era R$ 540. E hoje têm salário médio de R$ 2 mil. É pouco ainda? É. O professor merece ser melhor remunerado”, sustentou.
Ponto com maior potencial explosivo das declarações de Câmara, a municipalização do ensino estadual é combatida por parcela considerável de professores, pais e dirigentes de escolas. “Não podemos passar de uma vez só para o município o ensino fundamental, até porque isso vai respingar mais na frente. Vamos continuar esse trabalho que está sendo feito com a Secretaria de Educação. É um tema que afeta gerações, temos que ter essa responsabilidade”, pontuou.
Ampliar os repasses do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os municípios com melhores índices educacionais, mecanismo que começa a vigorar em 2015 e tem autoria creditada à Câmara, é visto na frente socialista como mecanismo ideal para de auxílio (e incentivo) às prefeituras que assumirem as escolas.