Enquete sugere discriminação contra heterossexuais
do Diário de Pernambuco
O deputado federal Anderson Ferreira (PR) resolveu investir na internet para saber qual o verdadeiro conceito de família para os brasileiros. Uma enquete no site da Câmara dos Deputados pergunta como deve ser a formatação de uma família. O conceito, que foi relativizado nos “tempos modernos”, se restringe a um sim ou não, para saber se a unidade familiar é baseada exclusivamente na união entre um homem e uma mulher.
A ideia da enquete surgiu após a discussão do projeto do deputado quanto à criação do Estatuto da Família. Aos moldes de outros estatutos, este, especificamente, tem como objetivo que o Estado garanta “condições mínimas” para a “sobrevivência” de famílias formadas a partir da união entre homem e mulher.
No ano passado, o deputado Anderson Ferreira foi o relator do polêmico projeto intitulado pela imprensa como “cura gay”. O republicano deu parecer favorável à matéria que circulou na Comissão de Direitos Humanos, então presidida pelo pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP).
Em apenas três dias, a enquete já é a segunda mais votada na história do site. Até a noite de ontem (13), 52, 14% afirmam que não concordam que a família deva ser formada somente por um homem e uma mulher, enquanto 47,49% acreditam que somente a união de pessoas de sexos diferentes formam uma família.
O quadro “virou” na manhã desta sexta-feira (14). Nos 165,948 votos computados, 52,64% concordam que a família deva ser formada a partir de uma união heterossexual. Cerca de 46,99% discordam e 0,39% declararam não ter uma opinião formada.
“Nosso intuito começou a ser alcançado com a ampliação desse debate sobre a valorização da família. O governo trabalha em várias ações, como no combate às drogas, por exemplo, mas esquece que a base de todos os problemas é a desestruturação familiar”, afirmou o autor do projeto.
Críticas e avaliação positiva – Apesar de afirmar que enquetes em ambiente virtual devem ser tratadas com cuidado, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ressalta que o resultado acirrado é uma vitória. “É uma enquete na página da Câmara Federal. Quem vota ali é um público com mais consciência. O alto número de cidadãos que rejeitam esse único meio de se compor uma família demonstra que as pessoas olham para o lado e veem que o modelo familiar mudou. Hoje existem mães e pais solteiros, famílias estendidas e homoafetivas”, declarou o deputado.